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Operação policial contra milícia armada nos EUA termina com uma morte

27/01/2016 02h44

Washington, 26 jan (EFE).- Uma pessoa morreu nesta terça-feira durante uma operação policial contra uma milícia armada que tinha ocupado instalações do governo em um parque natural no estado do Oregon, no oeste dos Estados Unidos, e na qual os líderes e vários integrantes da milícia foram detidos.

A polícia estadual do Oregon e o FBI informaram, em comunicado conjunto, a morte de uma das pessoas que seriam detidas, e explicaram que durante a operação, que aconteceu em uma estrada nos arredores de Burns, "houve troca de tiros".

Outras seis pessoas, entre elas os líderes da milícia, foram detidas, cinco na mesma operação na estrada e a sexta em uma detenção paralela na cidade de Burns.

Os seis são acusados de "conspiração para obstruir o trabalho dos agentes federais".

Na operação em que um dos suspeitos morreu, as autoridades detiveram o veículo em que estavam os membros da milícia, o que resultou em uma troca de tiros, mas, por enquanto, ainda não se sabe quem fez o primeiro disparo.

No dia 2 de janeiro, os milicianos armados tomaram um edifício da reserva natural de Malheur como parte de um protesto na cidade de Burns em apoio a dois fazendeiros condenados por realizar queimadas em um terreno rural do governo sem permissão.

Desde então, outras pessoas provenientes de todo o país se juntaram aos milicianos, e os amotinados organizaram vários encontros com a população local para defender sua posição e protestar contra o que consideram abusos e autoritarismo do governo federal.

À frente dos amotinados se encontram os irmãos Ammon e Ryan Mundy, filhos do fazendeiro de Nevada Cliven Bundy, conhecido por levar anos desafiando o governo ao se negar a pagar pelo fato de seu gado pastar em terrenos federais.

Os dois irmãos foram detidos na operação de hoje, e Ryan ficou ferido, mas com pouca gravidade.

O fato que desencadeou o protesto foi a condenação ditada contra dois fazendeiros do Oregon, Dwight Hammond e seu filho Steve, por terem feito queimadas não autorizadas em terreno federal em 2001 e 2006.

Em um princípio, o pai da família Hammond foi condenado a três meses de prisão e seu filho a um ano, penas que cumpriram, mas, em outubro, um tribunal de apelações considerou que a punição era branda demais e aumentou a condenação para cerca de mais quatro anos para cada um, já que as leis federais punem o incêndio provocado com pelo menos cinco anos de prisão.

Os Hammond alegam que o fogo foi ateado em sua propriedade para evitar o crescimento de plantas invasoras, mas a versão do governo no julgamento foi muito diferente: os dois se dedicavam à caça ilegal e a outras atividades ilegais e provocaram os incêndios para apagar as provas.

Para os milicianos, os Hammond são alvo de intimidação do governo e tratados como "terroristas" sem merecê-lo.

Mas o motivo de fundo do protesto é a reivindicação do direito das pessoas ao uso gratuito dos terrenos governamentais, algo que os milicianos consideram um princípio constitucional que devem defender "frente à tirania" do governo central.

Nos protestos de Burns, uma área montanhosa extremamente remota do oeste americano, há pessoas armadas pertencentes a milícias autorreguladas, inspiradas nas forças insurgentes que surgiram quase espontaneamente e que enfrentaram os britânicos durante a independência do país, declarada em 1776.

Essas milícias armadas modernas, de corte conservador e antissistema, justificam sua existência no texto da Segunda Emenda da Constituição que fala de uma "milícia bem regulada" e do direito de portar armas, mas em um contexto que remonta ao fim do século XVIII.