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Dilma e Bachelet apostam na cooperação para superar crise econômica

26/02/2016 22h29

Santiago do Chile, 26 fev (EFE).- A presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta sexta-feira em Santiago com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, ocasião em que ambas apostaram na cooperação política e econômica como o melhor caminho para resolver a atual crise que afeta os países emergentes.

"Neste momento de queda dos preços das commoditties, de desaceleração das economias emergentes e de crise profunda, nós temos que cooperar", enfatizou Dilma em uma declaração pública após um encontro com sua colega chilena.

"A cooperação nos conduzirá a um maior desenvolvimento econômico e nos permitirá criar mais emprego", declarou a presidente durante um pronunciamento à imprensa de ambas chefes de Estado.

"Chile e Brasil não só compartilham uma longa história de amizade, também contamos com um diálogo político muito fluído para projetar nossas relações bilaterais", destacou Bachelet.

A presidente chilena acrescentou que ambos países defendem os mesmos valores, "a paz, a democracia e os direitos humanos", assim como seus governos defendem "políticas públicas que respondem às reivindicações dos povos, combatem a desigualdade e promovem o desenvolvimento sustentável".

Por sua vez, Dilma elogiou a iniciativa de Bachelet de "construir a aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, que é estratégica para a América do Sul".

Bachelet, que atualmente ostenta a presidência temporária da Aliança do Pacífico, assumiu como objetivo prioritário de sua política externa aproximar as relações do bloco comercial formado por Chile, México, Colômbia e Peru com o Mercosul, integrado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Como demonstração do avanço da estreita cooperação entre ambos governos, Bachelet anunciou que nos dias 8 e 9 de junho Chile e Brasil realizarão pela primeira vez o Mecanismo de Consultas dos ministros das Relações Exteriores e de Defesa.

"Os investimentos recíprocos (que do lado chileno somam US$ 26 bilhões de dólares, quatro vezes mais que os brasileiros) "estão em um excelente nível", disse Bachelet.

De fato, o Brasil é o principal parceiro comercial do Chile na América Latina, enquanto o país austral é o segundo maior parceiro comercial brasileiro na América do Sul.

"Mas vão estar ainda mais (próximos) graças aos efeitos positivos do Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos", assinado em novembro passado, acrescentou a presidente chilena.

Brasil e Chile devem negociar este ano um convênio sobre compras públicas e outro em matéria de serviços financeiros, e concordam na importância de iniciar os corredores bioceânicos que unirão o Atlântico com o Pacífico.

Em relação aos temas globais, ambas chefes de Estado consideraram que o mundo enfrenta desafios que só poderão ser superados "com esforços coletivos coordenados e muito cooperativos".

"Chile e Brasil - ressaltou Dilma - atuarão coordenadamente para o êxito do acordo da COP21 (a conferência da ONU sobre mudança climática realizada em Paris), assim como com os objetivos da Agenda 2030" para o Desenvolvimento Sustentável.

Dilma destacou que "a cooperação regional é fundamental também para fazer frente a surtos de zika, dengue e chicungunha", e agradeceu a Bachelet pela colaboração do Chile nos foros multilaterais sobre este tema.

Também fez um reconhecimento ao Chile pelo memorando que permitiu o envio ao Brasil de documentos que serviram para esclarecer graves violações dos direitos humanos durante a ditadura militar.

"É simbólico para a história de nossos dois países que o acordo tenha sido assinado por duas presidentas", salientou.

No encontro realizado no Palácio de la Moneda, sede do Executivo chileno, ambas governantes ratificaram seu apoio ao processo de paz na Colômbia.

Além disso destacaram o acordo bilateral de acesso universal a remédios e a cooperação em matéria de ciência e pesquisa, produção cinematográfica e astrofísica.

Neste ponto foi destacada a participação do Brasil na construção do Telescópio Gigante de Magalhães, que entrará em funcionamento em 2020, e a incorporação do Brasil ao Observatório Europeu do Sul, que atualmente opera três centros de observação no Chile.

Dilma aproveitou o encontro para convidar Bachelet à abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, "que além de ser uma cerimônia esportiva é uma celebração da paz".

E, parafraseando o poeta chileno Pablo Neruda, Dilma concluiu sua declaração dirigindo-se a Bachelet para dizer-lhe que "não há luta nem esperança solitárias. Esta é a mensagem que inspira seu trabalho e meu trabalho a favor da amizade e do desenvolvimento do Chile e do Brasil".