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OLP pede investigação internacional sobre execução de palestino em Hebron

26/03/2016 09h58

Jerusalém, 26 mar (EFE).- A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) pediu uma investigação internacional sobre a possível execução de um palestino em Hebron na última quinta-feira, após ter recebido um tiro na cabeça de um soldado de Israel quando já estava ferido e rendido no chão.

"Pedimos uma investigação especial do relator da ONU sobre execuções extrajudiciais para que comece imediatamente. Não confiamos em uma investigação israelense porque não existe justiça quando se trata da vida dos palestinos", disse neste sábado à Agência Efe o porta-voz da OLP Xavier Abu Eid.

Um voluntário da ONG israelense B'Tselem divulgou na quinta-feira imagens gravadas em vídeo do que parece ser o momento que um soldado israelense mata a tiros Abed Fatah a-Sharif, de 21 anos, que estava rendido no chão após ter supostamente ferido, junto com outro palestino, um militar que estava em um posto de segurança em Hebron.

Os fatos ocorrem na presença de vários soldados, oficiais e funcionários dos serviços de emergência, que não parecem se importar com a atuação do soldado de Israel.

"Culpamos o governo de Netanyahu pelo ocorrido. E a grande questão é que, se não tivesse um vídeo, teria sido 'outro palestino morto ao tentar atacar um israelense'. Pela reação dos outros que estavam perto, fica claro que não é um fato isolado", diz Abu Eid.

O próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou o ocorrido e afirmou que isso não representa "os valores do Exército do país", uma posição referendada pelo ministro da Defesa, Moshe Yallon. Já o enviado especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, disse que o incidente é um "ato espantoso, imoral e injusto".

No mesmo dia da divulgação do vídeo, o Exército anunciou a abertura de uma investigação. A imprensa local afirma que o soldado responsável, que está preso, poderia ser acusado de homicídio.

O autor do disparo, por outro lado, disse em sua defesa que reagiu pelos movimentos realizados pelo palestino, que o fizeram pensar que ele escondia explosivos em seu corpo.

"Nenhum soldado israelense cumpriu pena de prisão crível por matar um palestino", criticou o porta-voz da OLP.

Abu Eid afirmou que a organização tem pedido esse tipo de investigação desde outubro, quando teve início uma onda de violência na região que provocou a morte de 204 palestinos.

No início deste mês, a OLP apresentou um relatório que afirma que 36 palestinos foram "executados extrajudicialmente" por membros das forças de segurança ou civis israelenses.

Já a organização Human Rights Watch se uniu às críticas da OLP e afirmou hoje que vídeos como o de Hebron "sugerem um clima perigoso de impunidade para crimes de guerra". Além disso, destacou que poucas vezes os militares processam um de seus soldados em supostos crimes de guerra.

"O vídeo da morte de a-Sharif mostra um aparente assassinato a sangue frio com várias testemunhas, o que deveria servir para um caso legal com fundamento. A questão é se as autoridades israelenses farão o que não fizeram em incontáveis ocasiões e levarão o suposto assassino a responder na Justiça", disse Sarah Leah Whitson, diretora para o Oriente Médio da HRW.