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Pré-candidatos republicanos evitam compromisso de apoiar indicado do partido

30/03/2016 05h19

Marc Arcas.

Washington, 29 mar (EFE).- Os três pré-candidatos que permanecem em disputa pela indicação do Partido Republicano para as eleições presidenciais dos Estados Unidos evitaram se comprometer nesta terça-feira em apoiar o nome que for escolhido, caso não sejam eles mesmos, algo que tinham feito anteriormente.

Donald Trump, Ted Cruz e John Kasich disseram que não ou foram evasivos na hora de responder a pergunta de se apoiariam, como tinham prometido no passado, o candidato que for escolhido na Convenção Nacional do Partido Republicano, que acontece em julho em Cleveland, no estado de Ohio, seja quem for o indicado.

Em um encontro televisionado com eleitores e moderado pela emissora "CNN", o senador pelo Texas Ted Cruz foi o primeiro a voltar atrás e a não confirmar o compromisso que firmou publicamente no ano passado com o Comitê Nacional Republicano durante um dos debates.

"Não tenho o hábito de apoiar alguém que ataca minha esposa e ataca minha família. Deixem-me dizer minha solução: Donald Trump não será o indicado", respondeu Cruz à pergunta e, após a insistência do moderador para que desse um não ou um sim, afirmou que já tinha dado sua resposta.

"Nomear Donald Trump seria uma situação absolutamente desastrosa. Acredito que isso daria de bandeja a eleição geral para Hillary Clinton", acrescentou o senador.

A guerra pessoal entre Trump e Cruz foi um dos assuntos mais comentados da semana passada depois que o magnata retuitou uma mensagem de um de seus simpatizantes com uma montagem que comparava uma fotografia pouco favorável de Heidi Cruz, esposa do senador, com outra mais bonita de sua mulher, a ex-modelo Melania Trump.

"Donald, você é um covarde chorão. Deixe Heidi em paz de uma vez", respondeu Cruz.

Após o senador pelo Texas, foi a vez de Trump falar na "CNN". O bilionário respondeu diretamente que não apoiará o indicado, caso não seja ele mesmo, e disse não querer, nem precisar, do apoio de Cruz.

"Cruz não tem que me apoiar. Tenho muito apoio do povo, mais de 2 milhões de votos, bem mais delegados do que ele. Não quero que ele faça algo com o qual não se sente à vontade", garantiu o magnata, que atualmente lidera por ampla margem o número de delegados conseguidos para receber a indicação.

Trump lamentou que o Partido Republicano e seu "establishment" estejam lhe tratando "muito injustamente" e destacou que muitas pessoas, que normalmente não votavam ou que o faziam pelos democratas, estão se registrando como republicanas nas primárias e votando nele.

O último da noite a falar foi o terceiro pré-candidato em disputa, o governador de Ohio, John Kasich, que, ao ser perguntado sobre seu apoio ao futuro indicado e informado sobre as respostas de seus oponentes, brincou que talvez ele "também não" fosse responder.

"Algumas das coisas que vi me inquietaram. Tenho que pensar no que consistiria meu apoio em uma campanha presidencial. Não quero ser político aqui: tenho que ver como isto termina. Se o indicado for alguém que pode prejudicar e dividir o país, não posso apoiá-lo", afirmou o governador, em uma clara referência a Trump.

Apesar de o magnata liderar atualmente a corrida para a indicação com muito mais votos e delegados que Cruz e Kasich, e com muitas pesquisas indicando seu favoritismo nos próximos estados que realizarão prévias, não está claro se Trump será capaz de alcançar os 1.237 delegados necessários para obter a indicação do partido de forma automática.

Para isso, não lhe bastaria ganhar a maioria de estados onde ainda haverá votação, depois que mais da metade já compareceu às urnas, mas, além disso, teria que fazê-lo por margens muito grandes que lhe permitissem, no caso dos estados que distribuem os delegados de forma proporcional ou semi-proporcional, obter o maior número possível.

Caso Trump não chegue à convenção de Cleveland, que será realizada entre os dias 18 e 21 de julho, com os 1.237 delegados assegurados, haverá uma disputa, na qual, após o primeiro turno de votação, muitos delegados poderão escolher livremente seu voto, à margem do que tenham decidido os eleitores.

Nesse cenário, tanto Cruz como Kasich, este último já impossibilitado de chegar aos 1.237 delegados, como qualquer outra pessoa, mesmo que não tenha participado do processo de primárias, poderia ser escolhida a candidata do partido.