Em Lisboa, líderes da oposição propõem referendo para mudar sistema político
Antonio Torres del Cerro.
Lisboa, 31 mar (EFE).- O presidente do PSDB, o senador Aécio Neves, propôs nesta quinta-feira a realização de um referendo a partir de 2018 para que os brasileiros se pronunciem sobre uma mudança do sistema político no país, do presidencial ao parlamentar.
"Uma vez aprovada no Congresso uma emenda parlamentar, será preciso submetê-la a um referendo para que a população aprove ou não o que foi estipulado", disse à imprensa o tucano, que defende a renúncia da presidente Dilma Rousseff.
Aécio participou em Lisboa do encerramento do Quarto Seminário em Direito Luso-Brasileiro, organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, responsável por suspender a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil.
Em sua participação no seminário, o senador tucano explicou que para chegar ao parlamentarismo é necessário implementar reformas prévias.
"Superado o atual impasse e caso se concretize a retirada da presidente, nós vamos aprovar um conjunto de reformas em um ano e meio ou dois anos, que passam principalmente pela restrição do número de partidos políticos" para evitar a fragmentação parlamentar, detalhou.
Em plena agitação política, econômica e social no Brasil, Aécio esclareceu que o PSDB defende a formação de um governo de transição de caráter não partidário liderado pelo atual vice-presidente Michel Temer.
"O PSDB não ambiciona chegar ao poder por vias transversais, esperaremos as eleições. Para nós o calendário que as fixa em 2018 é o adequado", ressaltou.
Enquanto Aécio falava na Faculdade de Direito da capital portuguesa, dezenas de pessoas se manifestavam em suas portas em protesto pelo que consideram uma tentativa de golpe de Estado contra o governo de Dilma.
"Golpistas, fascistas, não passarão" foi uma das palavras de ordem mais repetidas pelos manifestantes, que tiveram Aécio e seu colega de partido, o senador José Serra, como os principais alvos das críticas.
Serra, que já foi ministro, governador, prefeito e duas vezes candidato presidencial, também abordou no seminário a delicada situação que o país atravessa.
"Grande parte do que está ocorrendo no Brasil se deve ao sistema político" vigente, afirmou o senador, que defendeu alterações que permitam "mudar de governo sem necessidade de derrubá-lo, sem impeachment".
"Eu vivi o golpe militar de 1964 no Brasil e o de 1973 no Chile, mas posso dizer que a situação que se vivia então era menos complexa que agora", acrescentou.
O senador também considerou que "o prioritário é restabelecer a confiança e definir que setores devem ser privilegiados na hora de investir, como as infraestruturas, a energia ou as exportações, que são as áreas que devem impulsionar a economia".
Por sua vez, o magistrado Gilmar Mendes, moderador do painel de hoje, opinou que as crises que o país já atravessou sempre foram tratadas "em um quadro de normalidade constitucional", dando a entender que agora não deve ser diferente.
O senador Jorge Viana (PT-AC) foi único petista convidado ao evento, onde aproveitou o espaço para pedir calma à oposição e fazer uma autocrítica do governo.
Viana, ex-governador do Acre e ex-prefeito de Rio Branco, pediu aos opositores que "cumpram a Constituição" e "fortaleçam a democracia", e lembrou que, há exatamente 52 anos, aconteceu um golpe militar no Brasil que "trouxe um regime totalitário escolhido para fazer frente a uma crise política e econômica".
"É tão grave assim a situação econômica do país, que alguns preferem pegar um atalho? Por exemplo, em 2002 (ano em que o PT chegou ao poder), o desemprego era de 12% e hoje é de 8%", destacou o senador, que defendeu a obra social dos governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, Viana também fez uma autocrítica à gestão governamental do PT. "O mais grave foi não ter podido trabalhar por uma reforma política e não mudar a forma pela qual os partidos se financiam", ressaltou.
Lisboa, 31 mar (EFE).- O presidente do PSDB, o senador Aécio Neves, propôs nesta quinta-feira a realização de um referendo a partir de 2018 para que os brasileiros se pronunciem sobre uma mudança do sistema político no país, do presidencial ao parlamentar.
"Uma vez aprovada no Congresso uma emenda parlamentar, será preciso submetê-la a um referendo para que a população aprove ou não o que foi estipulado", disse à imprensa o tucano, que defende a renúncia da presidente Dilma Rousseff.
Aécio participou em Lisboa do encerramento do Quarto Seminário em Direito Luso-Brasileiro, organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, responsável por suspender a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil.
Em sua participação no seminário, o senador tucano explicou que para chegar ao parlamentarismo é necessário implementar reformas prévias.
"Superado o atual impasse e caso se concretize a retirada da presidente, nós vamos aprovar um conjunto de reformas em um ano e meio ou dois anos, que passam principalmente pela restrição do número de partidos políticos" para evitar a fragmentação parlamentar, detalhou.
Em plena agitação política, econômica e social no Brasil, Aécio esclareceu que o PSDB defende a formação de um governo de transição de caráter não partidário liderado pelo atual vice-presidente Michel Temer.
"O PSDB não ambiciona chegar ao poder por vias transversais, esperaremos as eleições. Para nós o calendário que as fixa em 2018 é o adequado", ressaltou.
Enquanto Aécio falava na Faculdade de Direito da capital portuguesa, dezenas de pessoas se manifestavam em suas portas em protesto pelo que consideram uma tentativa de golpe de Estado contra o governo de Dilma.
"Golpistas, fascistas, não passarão" foi uma das palavras de ordem mais repetidas pelos manifestantes, que tiveram Aécio e seu colega de partido, o senador José Serra, como os principais alvos das críticas.
Serra, que já foi ministro, governador, prefeito e duas vezes candidato presidencial, também abordou no seminário a delicada situação que o país atravessa.
"Grande parte do que está ocorrendo no Brasil se deve ao sistema político" vigente, afirmou o senador, que defendeu alterações que permitam "mudar de governo sem necessidade de derrubá-lo, sem impeachment".
"Eu vivi o golpe militar de 1964 no Brasil e o de 1973 no Chile, mas posso dizer que a situação que se vivia então era menos complexa que agora", acrescentou.
O senador também considerou que "o prioritário é restabelecer a confiança e definir que setores devem ser privilegiados na hora de investir, como as infraestruturas, a energia ou as exportações, que são as áreas que devem impulsionar a economia".
Por sua vez, o magistrado Gilmar Mendes, moderador do painel de hoje, opinou que as crises que o país já atravessou sempre foram tratadas "em um quadro de normalidade constitucional", dando a entender que agora não deve ser diferente.
O senador Jorge Viana (PT-AC) foi único petista convidado ao evento, onde aproveitou o espaço para pedir calma à oposição e fazer uma autocrítica do governo.
Viana, ex-governador do Acre e ex-prefeito de Rio Branco, pediu aos opositores que "cumpram a Constituição" e "fortaleçam a democracia", e lembrou que, há exatamente 52 anos, aconteceu um golpe militar no Brasil que "trouxe um regime totalitário escolhido para fazer frente a uma crise política e econômica".
"É tão grave assim a situação econômica do país, que alguns preferem pegar um atalho? Por exemplo, em 2002 (ano em que o PT chegou ao poder), o desemprego era de 12% e hoje é de 8%", destacou o senador, que defendeu a obra social dos governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, Viana também fez uma autocrítica à gestão governamental do PT. "O mais grave foi não ter podido trabalhar por uma reforma política e não mudar a forma pela qual os partidos se financiam", ressaltou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.