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Rivera, o catalão liberal que pretende consolidar-se na política espanhola

24/06/2016 20h32

Celia Sierra.

Madri, 24 jun (EFE).- O catalão Albert Rivera, líder do partido liberal Ciudadanos, chega às eleições deste domingo com o objetivo de consolidar o salto à política nacional que encenou no pleito anterior e no qual sua legenda se posicionou como quarta força política.

Com 40 deputados e 13,93% dos votos obtidos nas últimas eleições legislativas, o Ciudadanos foi, junto com o partido de esquerda Podemos, um dos artífices do fim do bipartidarismo espanhol.

Naquela disputa eleitoral Rivera não conseguiu superar as expectativas das pesquisas, que o situavam na terceira colocação, o que teria sido um posição-chave para a formação do novo governo, em um cenário sem maiorias.

O discurso político de Rivera, nascido em Barcelona em 15 de novembro de 1979, reivindica o centro da polarizada política espanhola e gira em torno de três eixos: a regeneração democrática do que chama "a velha política" (partidos tradicionais), o combate à corrupção e a rejeição ao processo independentista na Catalunha.

Tachado pela esquerda como o "candidato do Ibex 35", (o indicador da bolsa espanhola) por sua política econômica de caráter liberal, Rivera recebeu críticas por sua ambiguidade na hora de localizar ideologicamente seu partido, situado entre a centro-direita e a centro-esquerda.

Na fracassada legislatura de seis meses que a Espanha vive desde dezembro do ano passado, o político catalão alcançou junto com o socialista Pedro Sánchez um acordo de governo ao qual tentaram somar outros partidos, sem sucesso.

Apesar de muitos o considerarem ideologicamente mais próximo ao Partido Popular (centro-direita), seu acordo com os socialistas encaixa com seu discurso, que apresenta o Ciudadanos como a "alternativa centrada" da política espanhola e que reivindica a vontade e espírito conciliador da Transição espanhola.

Antes de dedicar-se à política, Rivera trabalhou nos serviços jurídicos de um banco espanhol, enquanto sua formação é de advogado especializado em direito constitucional, com um curso de marketing político na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.

Rivera surgiu na arena política da região da Catalunha em 2006, com um polêmico cartaz eleitoral no qual posava nu tapando suas partes com as mãos e o lema "Só as pessoas nos importam".

Longe do revoo midiático que causou então, o líder do partido emergente demonstrou desde então um extraordinário domínio dos novos suportes de comunicação, especialmente as redes sociais.

Trata-se de um dos políticos mais jovens do panorama político, que conseguiu se conectar com uma nova geração de classe média que anteriormente fazia parte do eleitorado do PP.

O jovem político, amante das motos e torcedor fervoroso do Barcelona, aposta em uma mudança "sensata" na qual prime a "ética" e deseja chegar a pactos de Estado com os demais partidos em áreas como educação, política externa e combate ao terrorismo.

Embora evite esclarecer com quem estaria disposto a formar governo após o último pleito - já que considera caduco o pacto com os socialistas -, condiciona seu apoio ao governante Partido Popular à renúncia do atual chefe do Executivo, Mariano Rajoy, por sua relação com casos de corrupção em seu partido.

Esta seria, segundo sua opinião, a única maneira de Espanha "se animar" e dar início a uma legislatura "com um novo governo, um novo presidente e uma nova etapa política".