Diphylla: o morcego brasileiro que prefere o sangue humano como alimento
P. Ramírez.
Rio de Janeiro, 15 jan (EFE).- Separados por mais de 10 mil quilômetros, Brasil e Romênia não têm, em princípio, muitas coisas em comum, mas uma descoberta de cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pode colocar em risco o status romeno de ser a terra natal do maior vampiro da história: o conde Drácula.
O personagem mais famoso da região de Transilvânia ganhou um concorrente no nordeste do Brasil: o morcego da espécie Diphylla ecaudata, também conhecido como morcego-vampiro-de-perna-peluda.
Essa é uma das três espécies de morcego-vampiro que existem no mundo, todas elas na América (entre México, o sul do Chile e a Argentina). Até agora, só se sabia que uma delas se alimentava de sangue humano.
Pesquisadores brasileiros descobriram que o pequeno mamífero passou a se alimentar de sangue humano devido à degradação do ecossistema local provocada por nós mesmos.
O líder da equipe de especialistas, o biólogo e mestre em Ecologia Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da UFPE, disse à Agência Efe que o morcego-vampiro vive em uma caverna do Parque Nacional de Catimbau, há cerca de 300 quilômetros de Recife, capital do estado.
O parque, que tem cerca de 2 mil cavernas, protege uma das últimas áreas de caatinga do Brasil. Bernard e sua equipe vigiaram por três anos uma delas, que tinha uma colônia do morcego logo na entrada.
Após analisar 70 sedimentos deixados pelos morcegos, obtendo 15 mostras de DNA, a surpresa dos pesquisadores foi enorme quando eles descobriram que em três delas havia DNA humano. Para Bernard, a explicação é clara.
"O ambiente externo foi degradado, os animais que o morcego-vampiro se alimentava foram mortos. Em um cenário de pouca comida, eles passaram a se alimentar de sangue humano", explicou.
De acordo com o líder da pesquisa, não houve em Catimbau um processo de desapropriação das pessoas quando a região foi declarada parque nacional em agosto de 2002. Por isso, ainda há presença humana no local, geralmente em imóveis precários.
Isso teria facilitado o novo hábito alimentar do morcego-vampiro. Sem a presença de grandes aves, seu "prato" habitual, os Diphylla aproveitaram a presença humana para compensar a perda.
A porção habitual de sangue que os morcegos-vampiros ingerem equivale a uma colherada, que eles obtêm em voos noturnos.
Do sangue das presas, os Dyphilla ecaudata processam o principal ingrediente de suas dietas: a gordura. Nos mamíferos como homem, porém, o sangue é mais espesso e costuma ter alto conteúdo de proteína.
Bernard disse à Efe que a mudança do hábito alimentar dos morcegos não deve "gerar pânico", mas o pesquisador admite que pode haver consequências para saúde pública pelas possíveis doenças transmitidas pelo animal, principalmente a raiva.
"Os morcegos transmitem uma série de doenças. Se essa espécie está se alimentando de sangue humano, enfrentamos um problema de saúde pública potencial", ressaltou Bernard.
O maior surto de raiva transmitido por morcegos da história do Brasil foi registrado em 2005, no Maranhão, quando 20 pessoas morreram da doença.
A descoberta dos pesquisadores brasileiros foi divulgada em dezembro na revista "Acta Chiropterologica", a mais importante do mundo sobre morcegos.
Rio de Janeiro, 15 jan (EFE).- Separados por mais de 10 mil quilômetros, Brasil e Romênia não têm, em princípio, muitas coisas em comum, mas uma descoberta de cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pode colocar em risco o status romeno de ser a terra natal do maior vampiro da história: o conde Drácula.
O personagem mais famoso da região de Transilvânia ganhou um concorrente no nordeste do Brasil: o morcego da espécie Diphylla ecaudata, também conhecido como morcego-vampiro-de-perna-peluda.
Essa é uma das três espécies de morcego-vampiro que existem no mundo, todas elas na América (entre México, o sul do Chile e a Argentina). Até agora, só se sabia que uma delas se alimentava de sangue humano.
Pesquisadores brasileiros descobriram que o pequeno mamífero passou a se alimentar de sangue humano devido à degradação do ecossistema local provocada por nós mesmos.
O líder da equipe de especialistas, o biólogo e mestre em Ecologia Enrico Bernard, do Departamento de Zoologia da UFPE, disse à Agência Efe que o morcego-vampiro vive em uma caverna do Parque Nacional de Catimbau, há cerca de 300 quilômetros de Recife, capital do estado.
O parque, que tem cerca de 2 mil cavernas, protege uma das últimas áreas de caatinga do Brasil. Bernard e sua equipe vigiaram por três anos uma delas, que tinha uma colônia do morcego logo na entrada.
Após analisar 70 sedimentos deixados pelos morcegos, obtendo 15 mostras de DNA, a surpresa dos pesquisadores foi enorme quando eles descobriram que em três delas havia DNA humano. Para Bernard, a explicação é clara.
"O ambiente externo foi degradado, os animais que o morcego-vampiro se alimentava foram mortos. Em um cenário de pouca comida, eles passaram a se alimentar de sangue humano", explicou.
De acordo com o líder da pesquisa, não houve em Catimbau um processo de desapropriação das pessoas quando a região foi declarada parque nacional em agosto de 2002. Por isso, ainda há presença humana no local, geralmente em imóveis precários.
Isso teria facilitado o novo hábito alimentar do morcego-vampiro. Sem a presença de grandes aves, seu "prato" habitual, os Diphylla aproveitaram a presença humana para compensar a perda.
A porção habitual de sangue que os morcegos-vampiros ingerem equivale a uma colherada, que eles obtêm em voos noturnos.
Do sangue das presas, os Dyphilla ecaudata processam o principal ingrediente de suas dietas: a gordura. Nos mamíferos como homem, porém, o sangue é mais espesso e costuma ter alto conteúdo de proteína.
Bernard disse à Efe que a mudança do hábito alimentar dos morcegos não deve "gerar pânico", mas o pesquisador admite que pode haver consequências para saúde pública pelas possíveis doenças transmitidas pelo animal, principalmente a raiva.
"Os morcegos transmitem uma série de doenças. Se essa espécie está se alimentando de sangue humano, enfrentamos um problema de saúde pública potencial", ressaltou Bernard.
O maior surto de raiva transmitido por morcegos da história do Brasil foi registrado em 2005, no Maranhão, quando 20 pessoas morreram da doença.
A descoberta dos pesquisadores brasileiros foi divulgada em dezembro na revista "Acta Chiropterologica", a mais importante do mundo sobre morcegos.
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