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Acusado de assédio por jornalista, ministro da Defesa britânico renuncia

Michael Fallon - REUTERS/Stefan Wermuth
Michael Fallon Imagem: REUTERS/Stefan Wermuth

Em Londres

01/11/2017 18h41

O ministro da Defesa do Reino Unido, Michael Fallon, renunciou nesta quarta-feira, segundo um porta-voz do governo, após ser acusado de assédio por uma jornalista.

O ministro reconheceu o caso e pediu desculpas na segunda-feira por ter colocado a mão sobre o joelho da jornalista Julia Hartley-Brewer repetidamente durante um jantar em 2002.

O presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, pediu nesta semana medidas aos partidos britânicos contra o assédio sexual após a revelação de que funcionárias do Parlamento elaboraram uma lista com acusações contra políticos e deputados.

"Diversas acusações sobre parlamentares foram reveladas nos últimos dias, incluindo uma sobre a minha conduta passada. Muitas delas resultaram falsas, mas eu aceito que no passado caí abaixo dos padrões requeridos nas Forças Armadas que represento", afirmou Fallon em carta à primeira-ministra, a conservadora Theresa May, que viu a decisão com bons olhos.

"Aprecio a forma especialmente séria como considerou a sua posição e o particular exemplo que quer dar aos homens e mulheres militares e a outros", afirmou a chefe do governo britânico.

Após o assédio à jornalista vir à tona, o agora ex-ministro explicou na segunda-feira, através de um porta-voz, que se desculpou com ela "há 15 anos" e que ambos "consideram agora um assunto encerrado".

"Julia é uma boa amiga de Michael. Ele passou do limite quando pôs a mão sobre seu joelho. Ela deixou claro que (o gesto) não era bem-vindo, e ele se desculpou, com razão, há 15 anos", afirmou o porta-voz.

A própria jornalista, que trabalha na emissora "TalkRadio", se manifestou hoje no Twitter sobre a decisão do ministro. "Michael Fallon acaba de renunciar como ministro da Defesa - embora não acredite que meu joelho seja o motivo", afirmou.

Fallon, que em julho de 2014 sucedeu na pasta o atual ministro da Economia, Philip Hammond, agradeceu na carta de renúncia pelo "privilégio" de ter ocupado o cargo.

"Estamos perto de derrotar o terrorismo do Daesh (Estado Islâmico) no Iraque e na Síria. Adquirimos um papel de liderança na Otan e conseguimos garantir um orçamento de Defesa que aumentará na frente da inflação a cada ano", afirmou o também ex-vice-presidente do Partido Conservador entre 2010 e 2012.

Deputado pelo distrito de Sevenoaks (no sudeste da Inglaterra) desde 1997, Fallon disse que continuará "apoiando o governo" e "trabalhando duro" pelos eleitores de sua região.