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Guerra na síria marca abertura de Conferência de Estados-membros da OPAQ

27/11/2017 16h11

Haia, 27 nov (EFE).- O uso de armas químicas na guerra da Síria marcou nesta segunda-feira a abertura da 22ª Conferência de Estados Partes da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), com referências diretas ao regime de Bashar Al-Assad e ao Estado Islâmico (EI) por ter utilizado estes agentes proibidos.

O diretor-geral da OPAQ, Ahmet Uzumcu, qualificou de "inquietante" o fato de em 2017 ter ocorrido ataques com armas químicas na Síria.

O regime de Assad foi o responsável por um ataque com gás sarin em abril em Khan Sheikun que deixou mais de 80 mortos, segundo um relatório divulgado há um mês pelo Mecanismo de Investigação Conjunta das Nações Unidas (JIM, em inglês) e a OPAQ.

Por outro lado, o EI foi responsável por um ataque com gás mostarda em agosto de 2015, ao norte de Aleppo, segundo outro relatório do JIM.

Uzumcu pediu que os causadores dessas agressões "prestem contas", chamada à qual se uniu em até três ocasiões o enviado especial para o Desarmamento e a Não-Proliferação da União Europeia, Jacek Bylica, em sua declaração perante as delegações dos Estados-membros.

"O uso de armas químicas por qualquer, seja um Estado ou um ator não-estatal, constitui uma violação das leis internacionais e pode contar como um crime de guerra e de contra a humanidade", disse Bylica.

Bylica apontou para a "preocupação" da União Europeia pelos vetos da Rússia no Conselho de Segurança das Nações Unidas "que bloquearam a renovação do JIM para seguir investigando".

O mandato desse mecanismo conjunto da ONU e da OPAQ expirou formalmente em 17 de novembro e o Conselho de Segurança das Nações Unidas não chegou a um acordo para renová-lo.

A Rússia, o aliado mais potente da Síria na ONU, criticou o fato de o JIM ter chegado à conclusão de que o exército de Assad era o responsável pelo ataque com gás sarin de abril apesar de os inspetores da OPAQ não chegarem a viajar para o local onde aconteceu o ataque, Khan Sheikun.

O Departamento de Segurança das Nações Unidas os proibiu de entrar nessa cidade porque não podia garantir sua proteção.

"Chamamos todas as partes na Síria a assegurar um acesso sem restrições e seguro a todas as localizações que a Missão de Investigação considere necessárias", apontou o representante europeu.

"É inaceitável que, cinco anos depois de a Síria se unir à Convenção sobre as Armas Químicas, suas declarações não possam ser verificadas de forma precisa", acrescentou Bylica.

O vice-ministro de Relações Exteriores sírios, Faiçal Mekdad, rejeitou as críticas e disse que "o trabalho do JIM não foi profissional" porque "se baseou só em informação feitas por atores suspeitos de ter uma relação muito próxima com grupos terroristas".

Mekdad apontou que o JIM "não chegou a nenhuma evidência tangível" de ataques químicos por parte do exército local, ao mesmo tempo que acusou seus inspetores de entrevistar" testemunhas que não estão relacionados" com essas agressões.

O diplomata denunciou "a contínua assistência de alguns regimes da região" a grupos terroristas como o EI, os que teriam "facilitado a entrada a território sírio, treino, finanças e material militar".

"Há países que buscam desestabilizar a Síria, debilitar seu Governo e escavar sua capacidade. Por isso mandaram os mercenários e os incentivaram a usar armas químicas contra civis e contra o Exército sírio", concluiu Mekdad.

A Conferência de Estados-membros continuará na Haia ao longo de toda a semana.