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Evo Morales confirma candidatura para 2019 contra "intromissão" dos EUA

30/11/2017 13h57

La Paz, 30 nov (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, confirmou nesta quinta-feira que buscará um quarto mandato consecutivo nas eleições de 2019 perante o que considerou uma "ameaça" e "intromissão" dos Estados Unidos, que lhe sugeriram que não volta a se candidatar.

"Antes desta ameaça do Departamento de Estado dos EUA, que me diz que devo renunciar à candidatura em 2019, eu não estava tão decidido, mas agora estou decidido: vou ser candidato em 2019 ", disse Morales em um ato na região de Cochabamba.

O presidente boliviano qualificou como "intromissão" o fato de o Departamento de Estado americano ter lhe pedido que não concorresse ao quarto mandato, algo para o que o Tribunal Constitucional (TC) boliviano lhe autorizou nesta terça-feira.

"O que os Estados Unidos têm a ver com isso? Por que têm que ameaçar, amedrontar?", questionou Morales.

O Departamento de Estado dos EUA expressou na quarta-feira em comunicado sua preocupação com a decisão do TC "de declarar inaplicáveis as provisões da Constituição desse país que proíbem aos cargos eletivos, incluindo o presidente, servir mais de dois mandatos consecutivos".

Os EUA consideraram que essa decisão "menospreza a vontade do povo da Bolívia" expressada no referendo que aprovou a nova Carta Magna em 2009 e que rejeitou em 2016 uma reforma para permitir a nova candidatura de Morales.

"O povo da Bolívia falou claro. Os Estados Unidos lhes apoiam e pedem ao atual governo da Bolívia que respeite o resultado desses referendos", destacou o governo de Donald Trump, que considerou a decisão judicial como um "passo atrás na democracia" boliviana.

O Constitucional da Bolívia deu razão nesta terça-feira ao partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), que tinha pedido que alguns artigos da Carta Magna fossem declarados inaplicáveis e que se anulassem outros da Lei Eleitoral para permitir a candidatura do atual presidente em 2019.

Os partidários de Morales tinham apelado ao artigo 23 da Convenção Americana dos Direitos Humanos, para argumentar que deve respeitar-se o direito do presidente a ser eleito e o do povo de elegê-lo.

A Constituição promulgada por Evo Morales em 2009 permitia antes da decisão do tribunal unicamente dois mandatos consecutivos.

No entanto, é a segunda vez que o Constitucional permite que Evo Morales volte a se candidatar à presidência, já que em 2013 o tribunal validou a tese governista de que o primeiro mandato do governante (2006-2009) não contava porque o país foi refundado com a Carta Magna de 2009.

A decisão judicial foi comemorada pelo oficialismo e rejeitada pelos partidos de oposição e por alguns agrupamentos civis que se mobilizaram na noite de quarta-feira em Santa Cruz.

Os protestos derivaram em uma tentativa de tomada da sede do órgão eleitoral por parte dos manifestantes que foram reprimidos pela polícia.