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Governo chileno pede prudência após carta de Bachelet em apoio a Lula

10/07/2018 17h32

Santiago do Chile, 10 jul (EFE).- O governo do Chile pediu "prudência" nesta terça-feira após a publicação de uma carta assinada pela ex-presidente Michelle Bachelet e mais de 40 políticos chilenos de centro-esquerda em apoio à inscrição da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Além do que digam as pessoas individualmente, devemos cuidar das relações com os países com que nos sentimos mais identificados, temos posições mais próximas e trabalhamos em conjunto", comentou a respeito o chanceler chileno, Roberto Ampuero.

O chefe da diplomacia chilena acrescentou que "o Brasil é um Estado de direito, tem um Poder Judicial que é independente, tem uma maturidade e uma estabilidade enormes, é um grande parceiro comercial".

"Penso que o mais sábio é respeitar a institucionalidade que os próprios brasileiros têm se dado", completou o titular de Relações Exteriores chileno no Panamá, onde se encontra de visita oficial junto ao presidente Sebastián Piñera.

"A nós, como governo, não nos corresponde emitir opinião sobre isto. Recomendaria prudência", concluiu Ampuero.

A carta a favor da inscrição da candidatura de Lula, que está preso desde abril em uma carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, foi assinada por 43 políticos chilenos de centro-esquerda, liderados pela ex-presidente Bachelet.

No texto, os políticos defendem que "uma eleição presidencial sem Lula como candidato poderia ter sérias impugnações de legitimidade e aprofundaria ainda mais a crise política que o Brasil tem que superar".

Além disso, os signatários pedem ao Judiciário brasileiro "para que garanta o respeito à Constituição, permitindo a inscrição de Lula como candidato presidencial. É o que exige a democracia brasileira. E reivindicamos também os democratas chilenos", completaram.

Além de Bachelet, a carta está assinada pelo presidente do Senado chileno, Carlos Montes; a presidente da Câmara dos Deputados, Maya Fernández; o senador e ex-secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza; e o senador Álvaro Elizalde, presidente do Partido Socialista.

Michelle Bachelet deve viajar para o Brasil no próximo dia 24 de julho para participar da conferência inaugural do Congresso de Saúde Coletiva, no Rio de Janeiro.

A esquerda chilena espera que, durante sua estadia no país, a duas vezes presidenta do Chile (2006-2010 e 2014-2018) visite Lula na prisão, tal como fez recentemente o ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

Um dos promotores da carta, o ex-embaixador do Chile no Brasil, Jaime Gazmuri, disse à imprensa que o que o texto expõe é a "preocupação com o estado da democracia no Brasil, que se viu seriamente deteriorada na medida que se produziu um processo complexo de judicialização da política, e isso sempre ajuda seu equivalente, que é a politização do Poder Judicial".

Nesse sentido, ressaltou que uma eleição presidencial sem Lula "diminuiria a legitimidade desse processo e não contribuiria para superar a crise que afeta o Brasil nos últimos dois anos".