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EUA solicitam acesso consular a cidadão detido por espionagem em Moscou

31/12/2018 15h56

Moscou, 31 dez (EFE).- A embaixada dos Estados Unidos informou nesta segunda-feira que solicitou acesso consular ao cidadão americano que foi detido em Moscou sob suspeitas de espionagem.

"Em virtude da Convenção de Viena, a Rússia é obrigada a oferecer acesso consular. Solicitamos tal acesso e esperamos que as autoridades nos concedam", declarou Andrea Kalan, porta-voz da embaixada dos EUA, aos veículos de imprensa locais.

A funcionária reconheceu que o Ministério de Relações Exteriores da Rússia informou à embaixada sobre a detenção do cidadão Paul Whelan.

O Serviço Federal de Segurança russo (FSB, antiga KGB) anunciou hoje a detenção de um cidadão americano que supostamente realizava atividades de espionagem.

"Em 28 de dezembro, agentes do FSB detiveram em Moscou um cidadão americano, Paul Whelan, enquanto realizava atividades de espionagem", afirma o comunicado oficial.

O FSB precisou que iniciou um processo penal contra Whelan em virtude do artigo 276 do Código Penal (espionagem).

Além disso, a nota oficial acrescenta foi aberta uma investigação sobre o caso de espionagem, crime que neste país é castigado com até 20 anos de prisão.

Nos últimos meses, o FSB denunciou um aumento das atividades de espionagem de outros países em território russo em resposta a acusações similares feitas pelas Chancelarias de países ocidentais, especialmente contra o Serviço de Inteligência Militar russo, GRU.

Após denúncias similares por parte de vários países ocidentais, principalmente dos EUA, Moscou denunciou por sua vez várias tentativas de interferir nas eleições presidenciais de março nas quais o presidente russo, Vladimir Putin, foi reeleito para um último mandato.

Em meados de dezembro, na entrevista coletiva anual, Putin negou que Moscou vá realizar represálias contra Washington segundo o princípio de "olho por olho, dente por dente" pela detenção de cidadãos russos nos EUA sob acusações de espionagem.

Putin, que afirmou que em tal terreno é preciso ser "muito cuidadoso", negou que a Rússia vá "capturar pessoas inocentes só para trocá-las por alguém".

Além disso, criticou o processo aberto nos EUA contra a cidadã russa Maria Butina por conspirar contra o Estado e desmentiu sua confissão de que trabalhava para o Kremlin.

Putin também afirmou que o caso do envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e de sua filha Yulia em território britânico com um agente tóxico de fabricação russa foi uma montagem para ter um motivo de sancionar e conter a Rússia.

Em sua felicitação natalina ao presidente dos EUA, Donald Trump, Putin garantiu que a Rússia está aberta ao diálogo apesar dos desencontros das últimas semanas.

"Putin ressaltou que as relações russo-americanas são um importantíssimo fator de estabilidade estratégica e segurança internacional", afirma a carta publicada pelo Kremlin. EFE