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Primeira caminhonete com ajuda do Brasil chega à fronteira com Venezuela

23/02/2019 13h07

Pacaraima (RR), 23 fev (EFE).- A primeira das duas grandes caminhonetes carregadas com parte da ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela chegou neste sábado à cidade de Pacaraima, que fica no limite fronteiriço entre os dois países, cuja passagem está fechada desde a quinta-feira por ordem do governo de Nicolás Maduro.

O segundo veículo deve chegar à linha fronteiriça também hoje, após sofrer alguns problemas técnicos durante o trajeto de 220 quilômetros entre Boa Vista, capital de Roraima, e Pacaraima.

Centenas de venezuelanos acompanham na fronteira a chegada da primeira remessa de ajuda humanitária do Brasil entre gritos contra Nicolás Maduro e reivindicações para que os militares venezuelanos abram o acesso, segundo pôde constatar a Agência Efe.

A caminhonete está parada a cerca de 300 metros da entrada da Venezuela, onde dezenas de militares venezuelanos, equipados com material antidistúrbios, fazem a segurança da fronteira e impedem a passagem.

A Polícia Rodoviária Federal escoltou o veículo, conduzido por um venezuelano, até a divisa entre os dois países.

Além dessa primeira remessa de ajuda, ainda há em Boa Vista cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios que o Brasil reuniu em cooperação com os Estados Unidos.

Uma das condições do governo de Jair Bolsonaro para o envio da ajuda humanitária à Venezuela é que o transporte seja executado por "caminhões venezuelanos, conduzidos por venezuelanos".

Até o momento, só foi possível conseguir duas caminhonetes, cujas placas são A05AI5N e A64AI5N, ambas do estado venezuelano de Monagas, segundo constatou a Efe.

No transporte de Boa Vista até Pacaraima participaram o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, e funcionários da embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

No entanto, tudo indica que os veículos terão que empreender o caminho de volta a Boa Vista diante da impossibilidade de entrada no país vizinho.

Maduro se nega a aceitar a ajuda reunida no Brasil e na Colômbia e fechou a fronteira com os dois países para evitar sua entrada.

Segundo o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros, a operação para entregar os alimentos não perecíveis e remédios pode se prolongar durante os próximos dias se continuarem as dificuldades para a entrada dos veículos venezuelanos.

A ajuda humanitária foi solicitada pelo presidente do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país em janeiro ao considerar Maduro um "usurpador" do Poder Executivo.

Guaidó foi reconhecido por cerca de 50 nações, entre elas os Estados Unidos e o Brasil.

Araújo disse neste sábado em declarações à Efe que Maduro "não tem poder real", "nem tem poder moral, só tem o poder da força bruta".

Além disso, afirmou que "a Venezuela vive um momento de mudança irreversível" e pediu aos "militares venezuelanos" que apoiem Guaidó.

"A queda de Maduro é questão de tempo", frisou o ministro brasileiro. EFE