Topo

ONU prevê pelo menos 2,8 milhões de afetados por ciclone Idai na África

21/03/2019 10h44

O ciclone Idai, que devastou cidades inteiras durante sua passagem por Moçambique, Malawi e Zimbábue, afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas, segundo os cálculos publicados ontem pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas.

Entre esses afetados estão 200 mil pessoas que necessitam de ajuda urgente durante os próximos três meses no Zimbábue, além das 920 mil pessoas no Malawi, enquanto em Moçambique o PMA fala em 600 mil afetados, mas prevê que chegará a 1,7 milhão após contabilizar os atingidos nas áreas arrasadas pelas inundações.

O porta-voz do PMA em Genebra, Herve Verhoosel, destacou que a situação é especialmente ruim no distrito zimbabuano de Chimanimani, no leste do país, onde 90% da região sofreu "significativos danos" após ser uma das principais áreas afetadas pelo passagem do ciclone.

Verhoosel destacou que no Zimbábue é necessária uma ajuda adicional no valor de US$ 5 milhões para financiar assistência alimentar à população mais afetada, enquanto no Malawi calcula-se que a resposta do PMA necessitará de US$ 10,3 milhões.

Em Moçambique, país que declarou estado de emergência pela primeira vez desde sua independência há mais de 40 anos, o PMA estima que pelo menos 400 mil pessoas necessitam de ajuda alimentar urgente em zonas inundadas nas bacias dos rios Pungoe e Buzi, assim como na cidade de Beira.

Essa cidade, de cerca de meio milhão de pessoas, foi 90% destruída, segundo as autoridades moçambicanas, enquanto povoados inteiros foram arrasados pelas cheias dos rios mencionados.

"A situação poderia se deteriorar e é esperado que o número de afetados aumente, visto que as fortes chuvas continuarão até o dia de hoje", ressaltou Verhoosel em entrevista coletiva.

Muitos sobreviventes foram levados para acampamentos na região de Beira, enquanto cerca de 100 mil pessoas continuam isoladas - muitas vivendo no alto de telhados durante dias - na província de Manica, afirmou o porta-voz do PMA.

Em Moçambique, o programa das Nações Unidas calcula que é necessário um investimento de US$ 42 milhões para fornecer ajuda humanitária a curto prazo, uma quantidade que Verhoosel elevou para US$ 121,5 milhões para atender as necessidades das zonas afetadas para os próximos seis meses.

As Nações Unidas, por enquanto, não divulgaram os números dos mortos devido ao ciclone, visto que muitas áreas afetadas continuam inacessíveis, embora as autoridades nacionais falem de pelo menos 350 mortos e segundo o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, só no seu país esse número pode passar de mil.

Moçambique tenta salvar vidas após ciclone

AFP