Arábia Saudita questiona credibilidade de investigação da ONU sobre morte de jornalista
O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al Jubeir, questionou a credibilidade da investigação divulgada nesta quarta-feira pela ONU, que vincula o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado do seu país em Istambul.
"O relatório inclui contradições claras e acusações sem fundamento que fazem questionar sua credibilidade", declarou Al Jubeir na sua conta oficial do Twitter, na primeira reação oficial do reino saudita às acusações contra o príncipe e outros representantes da monarquia pelo assassinato do jornalista em outubro do ano passado.
Além disso, acrescentou que o relatório de 100 páginas apresentado pela relatora das Nações Unidas para execuções extrajudiciais, Agnes Callamard, "não é nada novo" e "repete no seu relatório não vinculativo" dados já publicados nos meios de comunicação.
Khashoggi, colunista do jornal "The Washington Post" e crítico à monarquia do seu país, foi assassinado e esquartejado, supostamente por agentes sauditas, no consulado da Arábia Saudita em Istambul em 2 de outubro do ano passado.
A morte do jornalista "constitui um crime no qual outros Estados podem aplicar a jurisdição internacional, razão pela qual peço a estes que tomem as medidas necessárias", ressaltou no texto a relatora, que também citou a existência de "evidências críveis" para investigar a responsabilidade de Bin Salman.
No documento, que na próxima semana será apresentado oficialmente ao Conselho de Direitos Humanos, Callamard pede à comunidade internacional que aumente as sanções contra o príncipe saudita e suas propriedades, "até que possa provar que não tem nenhuma responsabilidade".
Nesse sentido, Al Jubeir indicou que os julgamentos em andamento no caso do assassinato de Khashoggi são assistidos por representantes das embaixadas dos cinco países-membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido), além da Turquia e de organizações de direitos humanos sauditas, que não mencionou.
No último dia 3 de janeiro foi realizada a primeira audiência do julgamento dos 11 acusados formalmente pelo crime. A promotoria saudita pediu a pena de morte para cinco deles, sem identificá-los.
"O reino ordenou a realização das investigações necessárias que levaram à detenção de várias pessoas acusadas pelo caso e os interrogatórios continuam e os julgamentos seguem seu curso", declarou Al Jubeir.
O relatório das Nações Unidas também critica a resposta internacional ao crime, que considera "pouco efetiva", e afirma que sanções como as impostas pelos Estados Unidos contra 17 altos cargos sauditas (entre os quais não se encontra o príncipe Bin Salman) são "insuficientes" e devem ser aumentadas.
Entre os sancionados pelos Estados Unidos estão o antigo assessor da monarquia saudita Saud al-Qahtani, considerado o principal autor intelectual do assassinato, e Mohamad al Otaibi, cônsul em Istambul no momento do crime.
Al Jubeir rejeitou "firmemente qualquer tentativa de prejudicar a liderança do reino ou de tirar o caso do caminho da justiça do reino ou de influenciar nele da forma como seja", e acrescentou que "a soberania do reino e o comando das suas instituições judiciais neste caso é um tema que não se questiona".
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