Topo

EUA esperam que chegada de ex-chefe do Sebin estimule deserções na Venezuela

25/06/2019 13h38

Washington, 25 jun (EFE).- O enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliott Abrams, afirmou nesta terça-feira que espera que a chegada ao país do ex-chefe de Inteligência da Venezuela, o general Cristopher Figuera, incentive outros funcionários do governo de Nicolás Maduro a tomar a mesma decisão.

"Quando (Figuera) deixou o regime, retiramos as sanções. (...) Agora vai dizer coisas sobre o regime que talvez para outros funcionários (venezuelanos) sejam desconhecidas e que podem auxiliar a mudar de opinião", argumentou Abrams em entrevista coletiva na sede do Departamento de Estado.

O diplomata americano explicou que Figuera não está "detido" nos Estados Unidos, mas ressaltou o interesse por parte das autoridades americanas de dialogar com ele sobre Maduro e a Venezuela.

"Não está sob detenção, é um homem livre. Eu gostaria de falar com ele, tanto eu como outras autoridades. Tem muitas coisas interessantes sobre as quais pode falar sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e a vida na Venezuela", destacou.

O diplomata afirmou ainda que o governo americano não foi responsável pela chegada do general Figuera ao país, mas reconheceu que está "feliz" pelo fato de o ex-chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) estar nos Estados Unidos.

A chegada do general Figuera foi revelada na segunda-feira através de uma entrevista ao jornal "The Washington Post", na qual o ex-chefe do Sebin afirmou ter chegado ao país com um "tesouro", em referência aos segredos de Maduro.

Figuera, que ficou dois meses escondido e protegido, acusa o governo venezuelano de negócios ilegais com ouro, fala da presença de células do grupo xiita libanês Hezbollah na Venezuela e destaca a influência de Cuba em Maduro, segundo o jornal americano.

A informação divulgada na segunda-feira pelo jornal se baseia em declarações de destacados opositores venezuelanos, funcionários dos EUA e 12 horas de entrevistas exclusivas com Figuera, as primeiras concedidas a um grande meio de comunicação.

Figuera, de 55 anos, reconheceu como presidente legítimo de seu país Juan Guaidó, líder da oposição, embora continue sendo "chavista" de coração, pois durante uma década foi chefe de segurança do falecido presidente Hugo Chávez, mentor de Maduro.

O ex-diretor do Sebin indicou nessa entrevista que não se arrepende de ter se rebelado contra Maduro, apesar da tentativa de tirá-lo do poder ter fracassado. EFE