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Promotor especial afirma no Congresso que não isentou Trump da "trama russa"

24/07/2019 11h15

Washington, 24 jul (EFE).- Robert Mueller, o promotor especial que averiguou os supostos nexos entre a Rússia e Donald Trump, reiterou nesta quarta-feira diante do Congresso que não isentou o presidente dos Estados Unidos e garantiu que, após deixar a Casa Branca, o governante pode ser indiciado por crimes relacionados com a chamada "trama russa".

Diante de dezenas de câmeras de televisão em uma audiência no comitê judicial da Câmara dos Representantes dos EUA, o democrata Jerry Nadler perguntou a Mueller se sua investigação isentou Trump de qualquer crime, ao que o ex-promotor especial respondeu com um breve "não".

"O presidente não foi isentado dos atos que supostamente cometeu", acrescentou Mueller em seguida.

Questionado por Nadler, Mueller disse também que Trump pode ainda enfrentar um julgamento quando deixar a Casa Branca.

Em maio de 2017, Mueller começou sua investigação sobre a suposta ingerência russa nas eleições de 2016 e, quando encerrou seu trabalho em março deste ano, entregou ao Departamento de Justiça dos EUA um relatório no qual resumia os resultados da sua averiguação.

Mueller concluiu que o Kremlin tinha tentado influenciar nas eleições para favorecer Trump, mas afirmou que não havia provas suficientes para determinar que houve uma "conspiração" entre o entorno do atual presidente e Moscou para interferir no processo eleitoral.

Também determinou que não podia acusar Trump de um crime de obstrução à Justiça devido a normas do Departamento de Justiça que estabelecem que um presidente não pode ser acusado por um crime enquanto está no poder.

No entanto, em seu relatório, Mueller escreveu que se tivesse "certeza" que Trump "claramente não tinha cometido um crime de obstrução à justiça", teria relatado, mas não o fez, algo que os democratas interpretam como um sinal do mau comportamento do presidente.

Mueller, de 74 anos, está testemunhando em uma mesa diante de legisladores dos partidos Democrata e Republicano.

O ex-promotor especial começou seu testemunho defendendo a "integridade" da sua investigação e assegurando que sua equipe atuou com "senso de justiça", tentando trabalhar da maneira "mais rápida possível" para que a investigação "não durasse um dia mais que o necessário".

Durante os quase dois anos da sua investigação, Mueller se manteve em silêncio e só falou com a imprensa em uma ocasião para ler um comunicado. Esta é a primeira vez que Mueller responde a perguntas diretas dos legisladores.

Ao lado do ex-promotor da "trama russa", está sentado o advogado Aaron Zebley, um dos assessores mais próximos de Mueller que foi seu chefe de gabinete enquanto era diretor do FBI (2001-2013).

Antes que começasse a audiência, Trump criticou Zebley e lhe acusou de fazer parte de um movimento contra ele, apesar de o advogado nunca ter expressado simpatia por nenhum partido político e nunca ter feito doações a campanhas eleitorais de nenhum candidato, segundo consta em arquivos federais. EFE