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União Europeia lamenta que EUA congelem financiamento à OMS em pandemia

Bandeira da União Europeia - Cristina Arias/Cover/Getty Images
Bandeira da União Europeia Imagem: Cristina Arias/Cover/Getty Images

em Bruxelas (Bélgica)

15/04/2020 17h26

O alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, lamentou hoje que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha ordenado suspender o aporte do governo americano à Organização Mundial da Saúde (OMS), que lidera o combate à pandemia da covid-19.

"Não há razão para justificar esta decisão em um momento em que os esforços (da OMS) são mais do que nunca necessários para ajudar a conter e mitigar a pandemia do coronavírus", afirmou no Twitter o chefe da diplomacia europeia.

Borrell acrescentou que unir forças é a única forma de ultrapassar uma crise "que não conhece fronteiras".

Na mesma linha, o comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, afirmou que "retirar-se desta luta global é deixar o mundo inteiro para trás", ressaltando que a OMS é um dos principais parceiros internacionais do bloco da UE quando se trata de "salvar vidas".

"É crucial que trabalhemos juntos em escala global para salvar vidas, especialmente as mais vulneráveis e as que estão em maior risco", afirmou na mesma rede social.

O governo Trump justificou a decisão pela oposição da OMS ao fechamento das fronteiras para combater a propagação do vírus, não agindo mais cedo e não só confiando, mas também "elogiando" o governo chinês, algo que o republicano também fez semanas atrás.

Trump já tinha tornado público na semana passada o descontentamento com a OMS em relação à gestão da covid-19, mas reconheceu que cortar o financiamento do órgão no auge da pandemia talvez não fosse a ação mais adequada. Uma semana depois, porém, decidiu dar este passo.

"Ordeno hoje ao meu governo que suspenda o financiamento à OMS, enquanto revejo a sua conduta para determinar o papel da OMS e a sua grave má gestão e encobrimento da propagação do coronavírus", anunciou durante entrevista coletiva, destacando que os EUA são o maior doador para a organização, contribuindo anualmente uma quantia de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões.

Borrell discutiu entre ontem e hoje a situação gerada pela pandemia em conversas por telefone com o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino, o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, e o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer.

Durante as conversas, abordaram o impacto nas populações mais vulneráveis, como refugiados, imigrantes e pessoas deslocadas internamente e respectivas comunidades de acolhimento, assim como situações em que as restrições impostas para conter a propagação do vírus impedem o acesso humanitário.

A maior preocupação é com a situação na Síria, na Líbia, no Iêmen, na Venezuela e na África.

Borrell elogiou os esforços da ONU para coordenar um único plano global de resposta humanitária e informou os interlocutores sobre a resposta em nível mundial da UE, que mobilizará 20 bilhões de euros para enfrentar as consequências humanitárias, sanitárias, sociais e econômicas da pandemia.