AI denuncia violência policial e táticas militares em protestos nos EUA
A Anistia Internacional (AI) denunciou hoje que as autoridades dos Estados Unidos violaram os direitos humanos de seus cidadãos durante os recentes protestos raciais com violência policial e táticas militares.
"As forças policiais dos Estados Unidos cometeram violações generalizadas e flagrantes dos direitos humanos contra pessoas que protestavam contra os assassinatos ilegais de negros e pediam reformas policiais", afirmou a AI em comunicado.
A organização com sede em Londres apresentou hoje um mapa interativo no qual documenta com apoio gráfico 125 situações de violência policial contra manifestantes, jornalistas ou pedestres que ocorreram entre os dias 26 de maio e 5 de junho.
O mapa inclui ataques que ocorreram em 40 dos 50 estados do país, bem como no Distrito de Columbia (Washington), verificados, geolocalizados e analisados por investigadores especialistas em armas, táticas policiais e direitos internacionais e americanos.
Espancamentos, gases e balas de borracha
Esse "uso ilegal da força" documentado pela AI nos 125 casos inclui espancamentos, abuso de gases lacrimogêneos e uso inadequado de projéteis, como balas de borracha, ataques da polícia local, estadual, federal e da Guarda Nacional (forças armadas).
"Quando ativistas e apoiadores do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) foram às ruas das cidades americanas para exigir pacificamente o fim do racismo sistêmico e da violência policial, eles receberam uma resposta militar esmagadora e mais violência policial", disse o conselheiro sênior da AI em Armas e Operações Militares, Brian Castner.
Esses protestos, que eclodiram no dia 26 de maio, em Minneapolis, após o assassinato no dia anterior do negro George Floyd durante uma abordagem policial feita por um agente branco e se espalharam rápida e maciçamente por todo o país.
Força desproporcionada e indiscriminada
A Anistia Internacional lembrou em sua declaração que "o uso excessivo da força contra manifestantes pacíficos viola a Constituição dos Estados Unidos e as leis internacionais de direitos humanos".
Além disso, também enfatizou que "atos individuais de violência nunca justificam o uso desproporcional da força contra manifestantes pacíficos em geral, e a força só é justificada até que contenha perigo imediato para os outros".
Apesar disso, segundo a AI, "as forças de segurança usaram a força contra protestos de maneira desproporcional e indiscriminada".
Reformas reais na política
Por todas essas razões, a AI "pediu reformas reais e duradouras" da polícia dos Estados Unidos que vão além daquelas anunciadas até o momento pelo presidente Donald Trump, ou pelos governos locais, que descreveu como "parciais".
As reformas devem acabar com "execuções extrajudiciais de negros" e levar seus autores à justiça, garantir o direito a protestos pacíficos, sem ameaças violentas contra manifestantes, jornalistas e pedestres.
Devem também aprovar leis que limitam o uso da força policial a situações, terminar com a doutrina da imunidade que protege os policiais e desmilitarizar a força policial.
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