"Mais brancos também estão morrendo", diz Trump sobre violência policial
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu declarações ontem minimizando as mortes de pessoas negras nas mãos de policiais no país ao dizer que mais brancos morrem por esse motivo — e ignorando que os afro-americanos têm três vezes mais probabilidade de morrer por tiros ou pelas ações de agentes de segurança.
Durante uma entrevista com à emissora de televisão "CBS", Trump ficou irritado quando o repórter lhe perguntou por que os negros continuam morrendo nas mãos dos oficiais da lei nos EUA.
"As pessoas brancas também estão morrendo. Os brancos também passam por isso. Que pergunta horrível. Os brancos também. Mais brancos, a propósito, mais brancos", declarou o presidente.
Embora alguns estudos sugiram que, de fato, morrem quantitativamente mais brancos nas mãos dos policiais do que negros, muitos especialistas acreditam que não faz sentido fazer essa comparação não ajustada por população. Eles lembram que há 160 milhões de habitantes brancos a mais do que negros em território americano.
Os negros são três vezes mais propensos que os brancos a serem mortos pela polícia nos EUA, como confirmado por diversos estudos nos últimos anos, incluindo um publicado em junho por pesquisadores de Harvard.
Na entrevista, Trump também defendeu aqueles que ainda usam a bandeira dos Estados Confederados, que representava o lado que perdeu a Guerra Civil americana e que defendeu a escravidão dos negros.
"As pessoas adoram, e eu conheço pessoas que gostam da bandeira da Confederação e não estão pensando na escravidão. Acho que é uma questão de liberdade de expressão e deveria ser permitida, seja a bandeira da Confederação ou 'Black Lives Matter'", disse, referindo-se ao movimento surgido recentemente nos EUA em defesa dos negros.
Em outra entrevista, à revista "Townhall", Trump também defendeu um casal que apontou armas em direção a manifestantes que protestavam contra o racismo no país durante um protesto em St. Louis, no estado do Missouri, em junho.
"Eles (o casal) teriam sido brutalmente espancados se tivessem tido sorte". Eles (os manifestantes) iriam espancá-los brutalmente e saqueariam sua casa e provavelmente a incendiariam, como tentaram fazer com as igrejas", disse Trump, apesar de não haver provas de que os manifestantes planejavam qualquer violência.
Durante os protestos de junho nos Estados Unidos contra o assassinato de George Floyd, um homem negro de 46 anos, nas mãos de um policial branco em Minneapolis, Trump rotulou os manifestantes de "terroristas", sem distinguir entre a maioria que protestava pacificamente e a minoria vândala.
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