Papa pede unidade da classe política mundial e condena aborto
O papa Francisco pediu "unidade" à classe política de todos os países nestes momentos de crise e mais uma vez condenou o direito ao aborto, recentemente aprovado em seu país, a Argentina, perguntando "se está certo contratar um pistoleiro para resolver um problema".
Em entrevista à emissora italiana "Tele5" na noite de domingo, Francisco comentou sobre a atual crise mundial devido à pandemia da Covid-19. Ele afirmou que a classe política "tem o direito de ter pontos de vista diversos e também da luta política" e de "impor a sua política", mas que "neste período é preciso jogar pela unidade, sempre. Neste momento não há o direito de se afastar da unidade".
"O que importa é a intenção de fazer o país crescer. Mas se os políticos enfatizam o interesse próprio mais do que o interesse comum, eles estragam as coisas. No momento, toda a classe executiva não tem o direito de dizer 'eu'. Devemos dizer "nós" e buscar a unidade diante da crise", completou.
Durante a entrevista de meia hora, explicou que os conflitos "precisam tirar férias" e que é necessário neste momento "enfatizar a unidade do país, da Igreja e da sociedade" e não pensar que isso pode levar à derrota eleitoral.
Embora tenha declarado que não queria se referir ao assunto, Francisco entrou na questão do aborto e afirmou: "A morte não é um problema religioso, atenção: é um problema humano, pré-religioso, é um problema de ética humana".
"As religiões cuidam disso, mas é um problema que até um ateu deve resolver em sua consciência", declarou, indicando que todos devem se fazer perguntas: "É correto cancelar uma vida humana para resolver um problema, qualquer problema?, isso não é justo. Posso contratar um assassino para resolver um problema? Alguém que mata vidas humanas? Este é o problema do aborto. Cientificamente e humanamente. Não interfere nas religiões que virão depois, mas você não pode perder a consciência humana", disse.
Em relação ao ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por grupos de partidários de Donald Trump e que resultou em cinco mortes, incluindo um policial, o papa Francisco disse estar muito surpreso que isso esteja acontecendo em um país "tão disciplinado" e democrático.
"Mas é uma realidade, nas realidades mais maduras sempre há algo de errado, algo nas pessoas que fazem um caminho contra a comunidade, contra a democracia, contra o bem comum. Agradeço a Deus que isso tenha explodido e tenha sido possível ver por que isso pode ser remediado, certo? Sim, isso tem que ser condenado, esse movimento também, independente do povo", disse.
O pontífice argentino declarou que se sentiu "enjaulado" no início do confinamento, mas depois acalmou. "Fale mais, use mais o telefone, faça algumas reuniões para resolver problemas. Você sabe, a pandemia também mudou a vida do Papa e estou feliz".
Ele também lembrou que precisou cancelar viagens programadas para Papua-Nova Guiné e Indonésia e não sabe se a viagem ao Iraque, prevista para março, será feita.
Francisco anunciou que na próxima semana começará a vacinação contra a Covid-19 no Vaticano e que ele também será vacinado.
"Acredito que, eticamente, todos têm que ser vacinados. É uma escolha ética porque diz respeito à sua vida, mas também a dos outros", finalizou.
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