Impacto econômico e urgência por vacinas marcam pandemia na América, diz OMS
A pandemia do novo coronavírus gerou um grave impacto sobre a economia dos Estados Unidos e de todo mundo, de acordo com um relatório divulgado ontem pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para avaliar a resposta ao coronavírus, que também pede acesso às vacinas e urgência para encontrar uma forma mais sustentada de fabricação e imunização para a América Latina e outras regiões de baixa e média renda.
O texto escrito pelo Painel Independente de Preparação e Resposta à Pandemia, publicado em Genebra pela OMS, destaca que o custo econômico da crise sanitária durará por anos, mas o impacto já é grave.
"A economia global contraiu-se em 3,5% em 2020, e espera-se que US$ 10 trilhões de produção sejam perdidos até o final de 2021, aumentando para cerca de US$ 22 trilhões no período de 2020 a 2025", diz o documento.
O estudo "Como um surto se tornou pandemia", que faz parte do principal relatório do Painel Independente criado pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, para avaliar a resposta à Covid-19, detalha que pela primeira vez em décadas a pobreza global aumentará significativamente.
Segundo o levantamento, cerca de 125 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza extrema, e na América Latina 7,2% da população entrará nessa classificação.
"O impacto econômico gerado pelo coronavírus dependeu da interação das condições estruturais preexistentes nas economias, de políticas para o enfraquecimento e da natureza e do tempo das decisões tomadas em resposta à pandemia", considera o texto.
A OMS também constatou que, embora os países latino-americanos tenham implementado medidas rigorosas de controle relativamente perto do início da pandemia, muitos deles não conseguiram ou não quiseram sustentá-los.
"Como resultado, os casos (de coronavírus) começaram a aumentar incessantemente", diz o texto.
A agência observa que mais de nove em cada dez economias nacionais sofreram uma queda em seu produto interno bruto (PIB), de modo que o mundo está agora em seu pior período de contração econômica desde a Segunda Guerra Mundial.
Vacinas para todos urgentemente
O relatório também explica que doses insuficientes de vacinas contra a covid-19 e a administração inoportuna do imunizante criam mais oportunidades para mutações virais em regiões como a África e a América Latina.
"Isso dificulta o acesso dessas regiões a novas vacinas. Isso é ainda mais agudo no caso da produção da vacina mRNA, a plataforma crítica para a adaptação e controle de variantes", salienta o estudo.
Além disso, as empresas farmacêuticas se opõem à liberação de patentes para o desenvolvimento massivo de imunizantes, depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, apoiou a iniciativa de vários países perante a OMC (Organização Mundial do Comércio) de isentá-los.
Ainda segundo o relatório, as vacinas continuam enfrentando oposição. A Índia, um dos países mais afetados pela pandemia e entre os maiores fabricantes de imunizantes do mundo, está atrasada na produção e entrega e recentemente passou a restringir as exportações por dois meses em resposta a picos de contágios.
A América totaliza 63,8 milhões de infecções com 1,55 milhão de mortes, e o painel também afirma que há uma necessidade urgente de 5,7 bilhões de pessoas para ter acesso a vacinas em todo o mundo, 1 bilhão das quais estão no continente. Nesse sentido, a OMS enalteceu que através do mecanismo Covax 1,1 bilhão de doses foram asseguradas e 2,5 bilhões a mais foram solicitadas.
"Em meados de março de 2021, o Covax havia enviado 30 milhões de doses para pelo menos 54 países. Espera-se que aproximadamente 1,8 bilhão de doses estejam disponíveis para 92 países de baixa e média renda até o final de 2021, cobrindo 27% de sua população", destaca.
Segundo o site Our World in Data, 261,6 milhões de vacinas já foram entregues nos EUA, enquanto 112,6 milhões foram administradas na América Latina.
Desigualdade no trabalho e conectividade
Outra das seções analisadas no texto se refere a como este impacto também atingiu a força de trabalho e a conectividade.
"Um banqueiro, advogado ou engenheiro de software pode continuar seu trabalho remotamente usando tecnologias de informação e comunicação, enquanto um funcionário de restaurante, hotel ou uma posição no mercado não poderia", compara o documento.
A OMS ressalta que os trabalhadores que puderam contar com a tecnologia para realizar as suas atividades tiveram mais facilidades em alguns países.
"A realidade é que entre 25% e 50% da população da América Latina não tem acesso à Internet em casa. Esse número excede 75% em grande parte da África subsaariana e da Índia", pondera.
Financiamento e preparação
Diante das dificuldades enfrentadas pela região e pelo mundo por causa da pandemia, o Painel recomenda que a comunidade internacional adote imediatamente um conjunto de reformas para transformar o sistema global de preparação e resposta à crise sanitária e evitar outra pandemia no futuro.
"Isso requer financiamento no qual os governos devem rever seus planos de preparação e alocar os fundos e pessoal necessários para se preparar para outra crise de saúde", alerta.
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