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Ex-presidente do Afeganistão nega ter fugido do país com dinheiro

30.jun.2018 - O ex-presidente afegão Ashraf Ghani deixou o país às pressas em meio à invasão Taleban - Noorullah Shirzada/AFP
30.jun.2018 - O ex-presidente afegão Ashraf Ghani deixou o país às pressas em meio à invasão Taleban Imagem: Noorullah Shirzada/AFP

19/08/2021 04h32Atualizada em 19/08/2021 07h12

Cabul, 18 ago (EFE).- O presidente deposto do Afeganistão, Ashraf Ghani, defendeu ontem sua fuga do país no domingo passado, quando os talebans tomaram o controle de Cabul, afirmando que quis evitar um "derramamento de sangue na capital", e negou as acusações de que teria fugido com grandes quantias de dinheiro.

"Se eu ficasse, teria testemunhado um derramamento de sangue em Cabul. Minha missão era que, por ânsia de poder, Cabul não se tornaria outro Iêmen ou uma nova Síria", argumentou Ghani em sua primeira declaração pública desde a fuga.

Depois de muito mistério, o presidente deposto também confirmou que está nos Emirados Árabes, como o país havia noticiado horas antes. A presença de Ghani chegou a ser especulada no Tadjiquistão, no Uzbequistão e em Omã.

Segundo o ex-governante, sua saída do país foi muito rápida e sem poder de reação. Ghani disse que "as forças de segurança tinham tudo em suas mãos, sob controle", motivo pelo qual não teve tempo de levar nada, inclusive teve de deixar para trás "documentos confidenciais".

"(A acusação de que) levei dinheiro comigo não tem nenhum fundamento, é falsa. Isso pode ser provado por funcionários da alfândega e outras autoridades", declarou, após ter sido alvo de denúncias de que teria fugido com muito dinheiro no avião.

Negociações com os talebans

Ghani lamentou que tudo "tenha acontecido muito rapidamente", com a súbita tomada de Cabul pelos rebeldes, o que o impediu de cumprir o seu objetivo, que era "trabalhar com os talebans para conseguir um governo abrangente, negociando para preparar o caminho para uma transição" de poder.

O presidente deposto também lamentou que as negociações entre o governo de Cabul e os talebans, que tiveram início em setembro do ano passado, em Doha, tenham sido um "fracasso" e não tenham alcançado o seu objetivo.

"O processo de paz deveria ter levado ao fim da guerra", comentou.

O colapso do país ocorreu pouco depois de as forças dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) terem iniciado a fase final da retirada das suas tropas do Afeganistão, em maio, entregando todas as suas bases militares aos afegãos.

Ghani culpou Washington pela crise no país, que, segundo ele, foi o resultado da partida abrupta das tropas internacionais e do processo de paz coordenado pelos EUA para a reconciliação, que se baseava em "teorias imaturas".