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Após derrota eleitoral, presidente da Argentina lota comício e mira 'revanche'

11.mai.2021 - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, durante coletiva de imprensa em Madri, na Espanha - Gabriel Bouys/Reuters
11.mai.2021 - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, durante coletiva de imprensa em Madri, na Espanha Imagem: Gabriel Bouys/Reuters

Da EFE

18/11/2021 04h00Atualizada em 18/11/2021 06h17

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, liderou um grande comício para militantes peronistas em Buenos Aires ontem, após a derrota da coalizão governista nas eleições legislativas do último domingo (14), e convocou seus apoiadores a conquistarem uma "vitória estrondosa" no pleito presidencial de 2023.

Diferentes correntes da coalizão Frente de Todos, organizações sociais e a Confederação Geral do Trabalho — maior federação trabalhista do país e dominada pelos sindicatos peronistas — se reuniram para uma manifestação na Praça de Maio, em frente à sede do Poder Executivo. O principal discurso foi o do presidente argentino.

"Hoje é um dia oportuno para iniciarmos a segunda etapa de nosso governo, e começarmos com todas as nossas forças para levantar o que precisa ser levantado na Argentina", declarou Fernández, que tem mais dois anos de mandato.

O evento foi realizado sob o tema de comemoração do Dia da Militância, data que homenageia o retorno do presidente Juan Domingo Perón à Argentina em 1972, após 17 anos no exílio. Os apoiadores já estavam convocados pelos sindicatos desde a semana passada, quando a coalizão governista já previa um mau resultado no pleito do fim de semana.

Porém, foi o próprio Fernández que deu um impulso definitivo à iniciativa, apelando aos militantes peronistas para encher as ruas após o resultado da eleição.

"Se perderam, o que estão comemorando?"

A mobilização teve um clima de comemoração, apesar do mau resultado dos governistas nas eleições. Representantes da Frente de Todos vêm dizendo que estão tentando ver "o copo meio cheio", apesar de ela ter obtido, em nível nacional, dez pontos percentuais a menos do que a coligação opositora Juntos pela Mudança e perdido em grande parte do país, incluindo o "reduto peronista" da província de Buenos Aires.

Com o resultado, a partir de 10 de dezembro, quando a composição do Parlamento será renovada, os governistas não terão mais a maioria no Senado e verão sua bancada na Câmara dos Deputados reduzida para quase o mesmo tamanho que a da Juntos pela Mudança, coalizão que em 2015 levou o conservador Mauricio Macri à Casa Rosada.

Entretanto, o governo destaca o fato de ter se saído melhor do que nas primárias de setembro, particularmente por causa do "retorno" atingido na província de Buenos Aires.

"Nos últimos dias temos ouvido uma pergunta repetida: 'Se perderam, o que estão comemorando?'. Nunca se esqueça que o triunfo não é vencer, mas nunca se dar por vencido", disse Fernández em um discurso enérgico.

Relançamento e oposição

O presidente disse que, nesta nova etapa, a Argentina tem muitas batalhas a lutar, tais como garantir a recuperação econômica, criar mais empregos, controlar os preços e "acabar com o problema da dívida" com o Fundo Monetário Internacional.

"Quero me comprometer a concentrar todos os meus esforços para garantir que a economia funcione a 100% e que sejam criados empregos genuínos", declarou.

Fernández, cujo governo será forçado a buscar consenso com outras forças políticas no novo parlamento, apelou à oposição para construir juntos algumas políticas básicas.

"Mas se Macri não quer falar, deixe-o ficar sozinho com seus amigos fazendo negócios", provocou o chefe de Estado. "Em todo caso, há muitos na oposição com uma vocação para construir o país juntos", ponderou.

Sem Cristina e com olhos em 2023

O evento desta quarta-feira foi apoiado por governadores e prefeitos peronistas, nos quais os presidentes dessa ala tendem a se apoiar em momentos difíceis na Argentina. É o caso de Fernández, marcado por sérios desequilíbrios macroeconômicos, alta inflação e quatro em cada dez argentinos vivendo na pobreza.

A grande ausente foi a vice-presidente, Cristina Kirchner, que ainda não se expressou publicamente sobre o resultado da eleição e, após as primárias, não escondeu suas fortes críticas à gestão econômica do governo.

Fernández garantiu estar trabalhando na mesma direção de sua vice e colocou a união da Frente de Todos como fundamental, mas ao mesmo tempo incentivou "um profundo debate interno".

O presidente afirmou esperar que, no período que antecede as eleições gerais de 2023, todos os candidatos do partido, incluindo o candidato presidencial, sejam decididos em votações internas. "Temos que fazer o necessário para que em 2023 possamos garantir uma vitória retumbante", finalizou.