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Tempestade tropical Ana deixa quase 80 mortos no sudeste da África

Crianças usam um mosquiteiro para capturar peixes perto de um naufrágio, arrastados durante a tempestade tropical Ana no rio inundado, no distrito de Chikwawa, sul do Malawi - REUTERS/Eldson Chagara
Crianças usam um mosquiteiro para capturar peixes perto de um naufrágio, arrastados durante a tempestade tropical Ana no rio inundado, no distrito de Chikwawa, sul do Malawi Imagem: REUTERS/Eldson Chagara

27/01/2022 19h24

A tempestade tropical Ana, de intensidade moderada, deixou quase 80 mortos em sua passagem por Madagascar, Moçambique e Malawi, além de desalojar dezenas de milhares de pessoas e causar danos materiais significativos, segundo informaram nesta quinta-feira as autoridades destes países.

A primeira tempestade da estação chuvosa na região está agora no Malawi, onde o número de mortos subiu para 19 hoje, depois que o comissário do distrito de Chikwawa, Ali Phiri, confirmou à Agência Efe que 10 pessoas morreram nesta área, a mais afetada do país.

Esse número, no entanto, pode aumentar à medida que as equipes de busca e resgate continuam suas operações para identificar mais vítimas.

"Tivemos problemas para chegar a muitas áreas afetadas porque as estradas e pontes foram danificadas ou estão submersas, mas estamos tentando verificar as informações sobre os desaparecidos", disse Phiri à Efe.

De acordo com o último relatório do Departamento de Gestão de Desastres do Malawi (Dodma), divulgado ontem, cerca de 217.000 pessoas (ou mais de 48.000 famílias) foram afetadas pelas inundações, ventos fortes e chuvas torrenciais provocadas pela tempestade.

O presidente do país, Lazarus Chakwera, declarou todos os distritos do sul afetados pela tempestade como "zonas de desastre" na quarta-feira.

Antes de tocar o Malawi, Ana passou por Moçambique, onde o número de mortos já subiu para 18, enquanto mais de 45 mil pessoas perderam as suas casas, segundo o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).

Com mais de 100 milímetros de chuva em 24 horas e ventos de entre 100 e 130 quilômetros por hora, a tempestade - que tocou terra na segunda-feira, 24 de janeiro - destruiu parcial ou totalmente 12 postos de saúde e 346 salas de aula.

"Os riscos para a saúde aumentam drasticamente após um desastre como este, com a ameaça real de surtos de doenças transmitidas pela água, como hepatite ou cólera", alertou a equipe em Moçambique do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

De acordo com o que a porta-voz da organização para a África Austral, Robyn Lee Doyle, disse à Efe, "as inundações terão um grande impacto no acesso à água potável e ao saneamento", enquanto a destruição das terras agrícolas "provocará insegurança alimentar no longo prazo".

O primeiro afetado pela tempestade foi a nação insular de Madagascar, onde Ana atingiu a costa na noite de sábado para domingo em sua parte leste.

Atingido por fortes chuvas e tempestades elétricas desde o último dia 17 de janeiro, o número de mortos naquele país chega a 41, segundo o Escritório de Riscos e Desastres (BNGRC).

Enquanto o sul de Madagascar sofre há um ano sua seca mais severa nas últimas quatro décadas, as chuvas e inundações abalam o centro e o norte, causando sérios danos materiais.

Especialmente a capital malgaxe, Antananarivo, sofreu danos significativos em suas infraestruturas, com o desmoronamento de dezenas de edifícios e o fechamento de estradas, bem como a inundação de campos de arroz e vários edifícios públicos, incluindo o Ministério de Negócios Estrangeiros e um centro de tratamento de covid-19.

O sudeste da África do Sul foi atingido em março de 2019 pelo ciclone Idai, considerado o pior desastre natural da sua história recente, que deixou um rastro de pelo menos 600 mortos em Moçambique, mais de 340 no Zimbabué e pelo menos 56 no Malawi.