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OMS diz ser prematuro decretar fim da pandemia: 'cedo para cantar vitória'

Adhanom lembrou que a ameaça de uma nova variante continua "real" - Reuters/Denis Balibouse
Adhanom lembrou que a ameaça de uma nova variante continua "real" Imagem: Reuters/Denis Balibouse

02/03/2022 22h04

Copenhague, 2 mar (EFE).- A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quarta-feira que seria prematuro considerar terminada a pandemia de coronavírus e lembrou que o contágio continua alto em muitos países e que a vacinação global não atingiu o patamar mínimo exigido.

"É muito cedo para cantar vitória. Ainda há muitos países com baixa cobertura vacinal e alta transmissão", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva virtual.

Adhanom considerou "animadoras" a redução do contágio globalmente e as notícias de que alguns países estão acabando com as restrições, mas lembrou que a ameaça de uma nova variante continua "real" e que a única forma de acabar com a pandemia é por meio da vacinação.

Enquanto 56% da população mundial já recebeu o esquema completo, em países com menos recursos esse número é reduzido para 9%, quando a meta da OMS é chegar a 70% em todas as nações.

"Embora a ômicron seja menos grave, o número de internados e mortos é superior ao da delta, devido ao seu maior volume, à carga sanitária acumulada e porque os níveis de cobertura vacinal são insuficientes", declarou, por sua vez, a chefe do Departamento de Doenças Emergentes da OMS, Maria Van Kerkhove.

Já o assessor do diretor da OMS, Bruce Aylward, ressaltou que existe o suprimento necessário para atingir a meta de imunização, mas que seu controle está "em poucas mãos".

"A única maneira de alcançar a segurança global é com uma distribuição mais equitativa", completou.

Efeitos na saúde mental

A OMS lembrou que a covid-19 também afetou "seriamente" a saúde mental e que os maiores efeitos foram registrados nas áreas mais atingidas pelo vírus.

Segundo um estudo desta organização, o número de depressões graves aumentou 27,6% durante o primeiro ano da pandemia, enquanto o número de casos de ansiedade subiu 25,6%.

Por esse motivo, a OMS destaca a necessidade de levar em consideração a saúde mental e o apoio psicológico ao lidar com o coronavírus.

Necessidade urgente de corredor seguro na Ucrânia

O pronunciamento de Adhanom e outros funcionários da OMS também se concentrou na situação na Ucrânia e incluiu um apelo à "necessidade urgente" de estabelecer um corredor seguro para facilitar a chegada de suprimentos médicos em meio à invasão da Rússia.

A primeira remessa de equipamentos médicos, transportados de Dubai, chegará amanhã à Polônia e incluirá materiais médicos especializados que poderão atender às necessidades de cerca de 150 mil pessoas, anunciou a OMS.

Adhanom destacou que haverá mais remessas nos próximos dias e explicou que já foram retirados US$ 5,2 milhões do fundo de emergência da OMS, mas que serão necessários outros US$ 45 milhões para os próximos três meses.

"Há algum acesso a material, mas, dada a evolução do conflito, tememos um agravamento da situação", disse Jarno Habicht, diretor da OMS-Ucrânia.

Habicht lamentou a impossibilidade de distribuir os suprimentos médicos armazenados nos depósitos da OMS em Kiev, citando entre as preocupações a falta de oxigênio e medicamentos e os problemas na realização da campanha de vacinação contra a poliomielite.

A OMS também expressou preocupação com relatos de ataques a hospitais e profissionais de saúde, embora tenha ressaltando que até agora apenas um foi confirmado na semana passada.

"A neutralidade dos hospitais e funcionários deve ser respeitada e protegida. Fazer o contrário seria uma violação do direito internacional", frisou Adhanom.