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América Latina pode ter 14 milhões de pessoas em insegurança alimentar

A fome na América Latina pode agravar-se devido a inflação global. - iStock
A fome na América Latina pode agravar-se devido a inflação global. Imagem: iStock

14/06/2022 14h16

Genebra (Suíça), 14 jun (EFE).- A inflação global de produtor básicos, agravada pela guerra da Ucrânia, ameaça deixar 14 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar na América Latina, quase 50% a mais que o número atual, segundo divulgou nesta terça-feira o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA).

Atualmente, há 9,7 milhões de pessoas nesta situação na região, de acordo com o PMA, que tenta minimizar a escassez de alimentos com importações de produtores de países como Argentina e México, segundo indicou Lola Castro, diretora do braço regional da agência, em entrevista coletiva.

A representante do Programa Mundial de Alimentos indicou que o aumento nos preços dos alimentos se soma aos maiores custos no transporte marítimo e aéreo, que, na região, foram multiplicados por sete, afetando, especialmente, as nações insulares do Caribe.

Casto citou como exemplo os problemas para importação de alimentos em Cuba, República Dominicana e Haiti, neste último, onde a inflação dos alimentos chegou a 26%.

"A região havia sofrido uma crise múltipla pela mudança climática e a pandemia, que colocou 17,7 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. No fim de 2021, o número caiu para 8,3 milhões, mas com a crise da Ucrânia, a América Latina volta a se ver muito afetada", explicou Castro.

A diretora do PMA afirmou que, embora Rússia e Ucrânia não exportem grandes quantidades de cereais e outros alimentos para a América Latina, a alta generalizada de preços no mercado global afetou gravemente a muitos países da região.

Castro garantiu que "já estão sendo vividas as consequências" da crise alimentar, com um aumento dos fluxos migratórios do sul ao norte do continente, incluindo rotas perigosas, como a travessia do Darién, que separa a América do Sul do Panamá.

"Essa rota foi atravessada por 5 mil pessoas em 2020, mas em 2021 essa quantidade aumentou para 151 mil. Uma rota sem rodovias, na qual as pessoas têm que caminhar dez dias pela selva, em que muitos morrem, e que é uma das mais perigosas do mundo", garantiu Castro.

"A menos que façamos algo, vamos ver um aumento desta migração em massa. Precisamos responder imediatamente, e governos e comunidades têm que buscar soluções", explicou a diretora do PMA para a América Latina.