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Inspiradas por Dina Di, Negra Li e Cris SNJ, elas batalham pela rima

Alice Gorete é uma rapper de Maceió. Ela circula pela cena hip hop de diferentes estados - Divulgação/RedBull Francamente/Marcelo Maragni
Alice Gorete é uma rapper de Maceió. Ela circula pela cena hip hop de diferentes estados Imagem: Divulgação/RedBull Francamente/Marcelo Maragni

Do Núcleo de Diversidade

07/06/2022 10h00

Esta é a versão online para a edição desta terça-feira (07/06) da newsletter Nós Negros, que hoje fala muito sobre cultura, das mulheres negras que tentam superar os preconceitos até dentro do hip hop até a polêmica envolvendo Anitta e Zé Neto. Para receber este boletim diretamente no seu email, cadastre-se aqui. Para receber outros 10 boletins exclusivos, assine o UOL.

Mulheres sempre estiveram presentes em movimentos culturais, inclusive, nos oriundos das periferias ou favelas do país. No hip hop não é diferente. Embora o gênero tenha referências masculinas como Racionais, Facção Central, Trilha Sonora do Gueto, entre outros, mulheres - inclusive, mulheres negras - também fizeram, e ainda fazem, suas vozes ecoarem. Vale lembrar de Dina Di (1976-2010), Negra Li, do grupo RZO, e Cris, do grupo SNJ; ou ainda de jovens que têm alimentado a cena musical do gênero, como as gêmeas Tasha e Tracie Okereke e MC Soffia, dona do hit Menina Pretinha.

Como parte do movimento, a Batalha Dominação, conhecida como de "conhecimento" — onde rimadores e rimadoras improvisam no ringue de palavras sobre os temas sugeridos pela plateia, defendendo um argumento ou uma forma de pensar — reúne dezenas de pessoas no Centro de São Paulo e tem sido ponto de encontro para as novas vozes femininas do rap.

De Maceió, Alice Gorete circula pela cena hip hop de diferentes estados. Aos 22 anos, foi uma das finalistas da batalha nacional RedBull FrancaMente, que aconteceu em São Paulo, em abril. Para ela, é importante fazer o público pensar sobre como o machismo não pode ter vez nos duelos líricos. "O hip hop está aí para quebrar os padrões da parada, mas homens, principalmente os leigos, ainda têm um pensamento preconceituoso", conta.

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INDICAÇÃO... A cantora Ludmilla deu mais um passo no reconhecimento internacional e foi indicada ao BET Awards 2022, premiação dos Estados Unidos conhecida como a maior da cultura negra. A cantora, que diz ter pouco apoio no Brasil, é citada na categoria "Melhor Ato Internacional" e a única representante do Brasil na disputa.

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MODA... A cantora Iza lançou o clipe "Fé" e os looks do novo clipe foram um destaque à parte. Sempre conectada à moda, a artista apostou em conjuntos monocromáticos e acessórios de cabeça que valorizam a forma de se expressar pelas roupas e a estética negra. Miçangas, chapéu no estilo Beyoncé e peças com franjas fizeram parte do clipe.

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DANDO A LETRA

Jeferson Tenório - Carlos Macedo/ Divulgação - Carlos Macedo/ Divulgação
Jeferson Tenório
Imagem: Carlos Macedo/ Divulgação

Diferente do rap e do funk, que historicamente sempre foram alvos de criminalização, os cantores sertanejos se colocam num lugar alinhado com propostas conservadoras. Representando a música dos homens de bem. Dos pais de família. A vinculação da música sertaneja com o agronegócio e o discurso ultra-direitista bolsonarista compõe um cenário que mascara as verdadeiras intenções desse combo: se beneficiar do dinheiro público".
Jeferson Tenório, escritor

Em Notícias, Jeferson Tenório analisa que a postura de Gusttavo Lima é resultado do discurso bolsonarista sobre cultura.

Em TAB, Michel Alcoforado analisa que a transparência define o debate na polêmica envolvendo o tororó da Anitta e choro de Gusttavo Lima.

Já em VivaBem, Alexandre da Silva fala sobre o voto de pessoas idosas: o direito de escolha e a possibilidade de decisão. E Elânia Francisca aborda a questão do tamanho do pênis. Será que meninos adolescentes cisgênero se preocupam com isso?

E em Ecoa, Anielle Franco lembra o um ano da morte de Kathlen Romeu e no Café com Dona Jacira o assunto é: para onde foram todas as estações?

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PEGA A VISÃO

Existe a dor da população periférica de querer algo e não poder receber na porta de sua casa, pois a comunidade sempre é vista como área de risco".
Iago Santos, designer e cofundador do Traz Favela

Iago Santos - Milena Palladino/ Divulgação - Milena Palladino/ Divulgação
Iago Santos e Ana Luiza Sena criaram o Traz Favela em 2018 em Salvador (BA)
Imagem: Milena Palladino/ Divulgação

Segundo uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 5 milhões de casas estão localizadas em favelas espalhadas por todo o país. A cidade de Salvador (BA), por exemplo, tem 41,8% das moradias em comunidades. E uma das grandes dificuldades dos moradores desses locais é receber suas entregas e encomendas.

O designer Iago Santos, 29 anos, sabe exatamente como é viver esse tipo de situação. Por isso, em parceria com Ana Luiza Sena, 29 anos, formada em marketing, decidiu criar, em 2018, o Traz Favela. O projeto se intitula um "delivery sem preconceito" e busca realizar entregas da (e para a) comunidade sem distinção de local e sem anular toda a riqueza cultural e econômica já existente nas periferias de todo o Brasil.

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SELO PLURAL

Papo Preto - Arte/UOL - Arte/UOL
Podcast Papo Preto 2022
Imagem: Arte/UOL

No episódio # 81 de Papo Preto, Rebecca Aletheia, idealizadora do coletivo A Bitonga Travel, de mulheres negras que viajam pelo mundo, conta que está lançando o livro EntreVIVER, no qual compartilha experiências e percepções das viagens que já fez ao redor do mundo. Com as suas histórias, ela quer mostrar que o turismo é também lugar dos negros, apesar de, segundo ela, o racismo estrutural tê-los excluído dessa opção de lazer.