Nós Negros: novo filme mostra Mussum para além do humor caricato

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Que tal um cinema? Em exibição nas telinhas, "Mussum - O Filmis" é a biografia de uma das personalidades mais emblemáticas da cultura popular brasileira. O filme conta a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o famoso Mussum, relevando o artista para além da figura de "Os Trapalhões", trabalho com o qual ganhou o mundo e marcou gerações.

Ao mostrar as outras faces de Mussum, o filme começa na infância, passa pela carreira militar, a relação com a escola de samba Mangueira, a paixão pelo samba e o sucesso com o grupo Originais do Samba. Para a colunista Flávia Guerra, de Splash, o filme acertou ao romper com a figura caricata do Mussum dos Trapalhões e ir além dos bastidores do programa.

O filme também marca a primeira vez de Ailton Graça como protagonista no cinema. Para o ator, o filme rompe com estereótipos em relação a Mussum e ajuda a humanizar o artista como um homem negro.

O humor precisa ser revisitado para falar das nossas dores e amores. Esse é um filme que mostra um Mussum com brilhantismo, longe das narrativas preconceituosas de que ele morreu de cirrose, sem dinheiro Ailton Graça, ator, durante a pré-estreia do filme no Festival Negritudes

Para Roberto Sadovski, de Splash, a cereja do bolo é o elenco. O humorista também é interpretado pelo garoto Thawan Lucas Bandeira, quando criança, e pelo ator Yuri Marçal, na fase jovem. As atrizes Cacau Protásio e a Neusa Borges compõem o elenco vivenciando as duas fases de Malvina, a mãe de Mussum.

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BANCADA NEGRA... A Câmera dos Deputados aprovou o projeto que cria uma bancada formada por parlamentares que se autodeclaram negros. A medida foi negociada por Talíria Petrone (PSOL - RJ) e Damião Feliciano (União Brasil - PB) para dar mais protagonismo às pautas raciais na Casa.

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DA RAIZ A LUTA... Atlético-MG, Cruzeiro e Internacional lançaram uma camisa especial para o Mês da Consciência Negra, que leva a frase "da raiz à luta". A campanha é uma colaboração entre Adidas e Laboratório Fantasma, coletivo de cultura urbana que conta com os artistas como Emicida, Fióti e Rael. Em entrevista ao UOL Esporte, Rael diz que a cultura hip-hop pode se aliar ao esporte no combate ao racismo.

RACISMO... O jogador Vini Jr. voltou a ser atacado pelo jornal espanhol "Superdeporte", de Valência. Desta vez, o periódico estampou uma capa associando Vini ao personagem infantil Pinóquio e o chamando de mentiroso por denunciar atos racistas praticados por torcedores do Valência.

É OURO... Os jogos Pan-Americanos de Santiago estão a todo vapor para os brasileiros, que já faturaram mais de 140 medalhas. Atletas negros conquistaram o ouro, como é o caso de Rebeca Andrade, na ginástica artística, Lucas Rabelo, no Skate Street, e Bárbara Santos, no Boxe.

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PEGA A VISÃO

Mãe Celina de Xangô
Mãe Celina de Xangô Imagem: Divulgação

Fiquei quase um ano e meio reconhecendo os objetos dos povos africanos, de realezas, de terreiros, coisas do tempo dos escravos. Encontramos muitos búzios, ossadas, ferragens para montar orixás, Exus e objetos de terreiros que são usados até hoje Mãe Celina, escritora e gestora cultural

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Quem passa pela zona portuária do Rio de Janeiro pode ver de perto o único vestígio material por onde chegaram os africanos escravizados no Brasil, o Cais do Valongo. Por lá, passaram cerca de um milhão de escravizados entre os séculos 16 e 19.

Mas nem sempre foi possível vê-lo. Em 1843, o Cais do Valongo foi aterrado pelo Império e só foi redescoberto durante as obras do Porto Maravilha, em 2011. Lá foram encontrados diversos objetos arqueológicos, o que deu início a um amplo processo de resgate histórico na região.

A identificação das peças, muitas delas de matriz africana, contou com a colaboração da escritora e gestora de cultura no Centro Cultural Pequena África, Celina Maria Rodrigues, 59, mais conhecida como Mãe Celina.

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DANDO A LETRA

Cris Guterres | Mulheres imigrantes estão suscetíveis à violência e precisam de apoio

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