Militância e cultura negra: a trajetória de Luiz Alberto dos Santos

Luiz Alberto dos Santos, um dos nomes envolvidos na criação do Movimento Negro Unificado (MNU), morreu anos 70 anos, após sofrer um infarto em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. O governo de Salvador decretou luto oficial de três dias no estado.

Natural de Maragogipe, no recôncavo baiano, Luiz Alberto fez a vida em Salvador. Foi à capital baiana em meados dos anos 1960 para terminar os estudos. Por lá, serviu a Aeronáutica aos 17 anos como uma forma de afastar a pobreza que rondava a família. Anos depois, soube da aprovação no concurso para ser vigilante da Petrobras. Foi no movimento sindical da estatal que Luiz Alberto começou sua trajetória até a fundação do MNU, em 1978, movimento que foi considerado um marco significativo para os avanços da pauta racial no país.

Alberto também atuou na política como deputado federal em 2001 e 2015 (PT-BA) e foi secretário de Promoção da Igualdade da Bahia de 2007 e 2008. Entre as demandas levadas ao congresso durante os mais de quatro mandatos, esteve a transformação do 20 de novembro em feriado nacional, visto que àquela altura muitas cidades brasileiras já celebravam a data como Dia Nacional da Consciência Negra. O projeto foi arquivado em 2009. Mais de 10 anos depois, a pauta volta ao Congresso, em novembro deste ano.

O MNU fez uma guerra contra a tão propagada democracia racial e seus defensores. Foi o movimento mais importante da luta negra no século 20, também porque surgiu em meio a uma ditadura militar

Luiz Alberto em entrevista ao UOL Ecoa em 2021

Envolvido na cultura, Luiz Alberto fez parte da criação do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do país, na época intitulado Poder Negro. O grupo se reunia na escadaria em frente ao Colégio Estadual Duque de Caxias no bairro da Liberdade, parte alta de Salvador (BA). Com 48 anos, o bloco revolucionou a música baiana e também se consolidou como uma das estruturas mais pungentes para a igualdade racial no país.

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JUSTICEIROS? Um homem negro, vendedor de balas, foi agredido após ser confundido com um ladrão em Copacabana, na zona sul do Rio. A agressão ocorre em meio à onda de "justiceiros" que estão saindo às ruas do bairro para espancar suspeitos de roubos. Coluna do Giacomo Vicenzo justiça com as próprias mãos é uma prática criminosa, que pode aumentar a violência.

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