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Sangue, massacre e liberdade; por que negros receavam a República?

Quadro de Benedito Calixto, pintado em 1893, que reconstitui os acontecimentos de 15 de novembro de 1889 - Reprodução
Quadro de Benedito Calixto, pintado em 1893, que reconstitui os acontecimentos de 15 de novembro de 1889 Imagem: Reprodução

Do Núcleo de Diversidade

15/11/2022 11h00

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A Proclamação da República, em 1889, marca o fim do regime monárquico no Brasil e costuma ser relatada como um momento histórico de liberdade e independência para o país, conduzido sobretudo pelos militares, as elites e os abolicionistas.

Apesar da narrativa popular em torno da data, Matheus Gato de Jesus, professor de sociologia da Unicamp (Universidade de Campinas), aponta que a conquista não foi um capítulo harmonioso da história do país, sobretudo para as populações negras e recém libertas do regime de escravidão, em 13 de maio de 1888.

De acordo com o professor, os eventos em torno da instauração da República demonstram uma sociedade dividida entre negros e brancos, o que vai marcar a sociedade cada vez mais nos anos seguintes. Um dos exemplos é o "Massacre dos Libertos", no Maranhão, ocorrido em 17 de novembro, quando um grupo de cerca de 3 mil pessoas negras realizaram um protesto contra o possível novo regime por receito de que ele restaurasse a escravidão no país e extinguisse, assim, os direitos civis recém conquistados. Em resposta, uma tropa de soldados atirou contra a multidão, deixando vários mortos e feridos.

O Massacre dos Libertos revela como a violência é um gesto de categorização racial dos negros. [...] A violência tenta explicar qual é o lugar do negro no mundo e constitui fronteiras raciais no espaço da cidadania."
Matheus Gato, sociólogo e autor de O Massacre dos Libertos: Sobre Raça e República no Brasil

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MUDANÇA DE GOVERNO... Personalidades negras foram nomeadas para compor a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre elas, Bela Gil, que estará no grupo técnico de Desenvolvimento Social e Combate à Fome; o jurista Silvio Almeida, na pasta de Direitos Humanos; a jornalista Anielle Franco, na de Mulheres; a ativista Preta Ferreira, em Igualdade Racial; e Macaé Evaristo, deputada estadual em Minas Gerais e ex-secretária municipal de Belo Horizonte, para a equipe de transição na pasta de Educação.

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GAL... Amigos de longa data se despedem da cantora Gal. No último fim de semana, Milton Nascimento dedicou seu último show da carreira à artista; e Gilberto Gil fala sobre como é difícil voltar aos palcos depois da partida da amiga. O filho de Gal também se pronunciou pela primeira vez.

VAZ... Produtor cultural, poeta, escritor, ativista, artista, cronista, educador e sonhador. Essas são algumas das formas de se referir a Sérgio Vaz, poeta que atua com a literatura periférica e responsável pelo Sarau da Cooperifa, que acontece na zona sul de São Paulo (SP). Ecoa conta mais sobre a sua trajetória.

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RACISMO 1... A secretária Awdrey Ribeiro foi acusada de furto em uma unidade das Lojas Renner no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro (RJ), e acredita que a acusação se deu por ela ser negra. Ela conversou com Universa sobre o caso.

RACISMO 2... Na lista de presença de uma das salas de aula no município de Santo Amaro (SP), no lugar onde deveria constar o nome da professora Ana Koteban, estava escrita a palavra "macaca". Em entrevista a Universa, Ana diz que a escola está sendo omissa.

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MMA... Morreu nesta semana o ex-lutador de UFC Anthony Johnson. O lutador apresentava um quadro delicado de saúde nos últimos meses, mas suas condições clínicas estavam sendo mantidas em sigilo pela família.

FUNK + FUTEBOL... Tem coisa mais brasileira que juntar funk e futebol? Em ano de Copa do Mundo, o UOL Play une essas duas paixões na série Funkbol. Dá uma conferida!

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DANDO A LETRA

Suas mais recentes apresentações têm despertado em muitos fãs um suspiro, um sorriso, uma vontade de chorar e uma expectativa por ainda não saber como será o futuro entre você e nós."
Alexandre da Silva, colunista do UOL

Alexandre da Silva, colunista de VivaBem. - Reprodução - Reprodução
Alexandre da Silva, colunista de VivaBem.
Imagem: Reprodução

Em VivaBem, Alexandre da Silva repercute sobre a última turnê de Milton Nascimento. O colunista traz suas percepções sobre trechos das músicas e reflete sobre a nostalgia e os demais sentimentos presentes no ato de se despedir do cantor nos palcos.

O objetivo dos fardados agora é manter o controle da situação sem que precisem recorrer a uma quartelada."
Chico Alves, colunista do UOL

Em Notícias, Chico Alves conversa com o antropólogo Piero Leiner sobre as relações entre as Forças Armadas e Bolsonaro, além da postura dos militares quanto às manifestações de seus apoiadores.

Também em Notícias, Jeferson Tenório repercute a fala emocionada de Lula sobre a temática da fome. Para o colunista, é importante que um presidente se envolva emocionalmente com o problema.

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PEGA A VISÃO

Eu sou um negro mundial. Isso é muito legal. Fico muito feliz de falar sobre isso porque é importante saber nossa história, quem a gente foi. Nossos ancestrais, a nossa origem."
Romário, ex-jogador de futebol e senador (PL-RJ)

 Romário, ex jogador da seleção brasileira e atual senador (PL-RJ). - Ricardo Borges/UOL - Ricardo Borges/UOL
Romário, ex jogador da seleção brasileira e atual senador (PL-RJ).
Imagem: Ricardo Borges/UOL

Entrando em clima de Copa do Mundo, mais um craque da história da seleção brasileira topou embarcar na aventura do teste de DNA, que revela sua ancestralidade genética. O ex-jogador e senador reeleito Romário descobre que que tem "um pézinho" na África, na Europa e na Amazônia. Em reportagem especial em Ecoa, ele comenta o resultado do teste, fala sobre política e racismo no futebol.

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SELO PLURAL

Papo Preto - Arte UOL - Arte UOL
Papo Preto
Imagem: Arte UOL

No episódio #104 de Papo Preto, Adilson Moreira, especialista em Direito Antidiscriminatório, fala sobre o termo "racismo recreativo". Ele explica como falas ofensivas que são tidas como brincadeira fazem com que o humor racista seja socialmente aceito.