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Bolsonaro vai a Israel no final do mês ainda sem decisão sobre embaixada

Durante a campanha, e depois de ser eleito, Bolsonaro afirmou reiteradas vezes que defende a mudança da embaixada brasileira em Israel para Tel Aviv  - AFP
Durante a campanha, e depois de ser eleito, Bolsonaro afirmou reiteradas vezes que defende a mudança da embaixada brasileira em Israel para Tel Aviv Imagem: AFP

Lisandra Paraguassu

13/03/2019 21h19

O presidente Jair Bolsonaro chegará no dia 31 de março a Israel para uma visita de Estado, ainda com a promessa no ar de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém mas, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, sem uma decisão sobre o assunto por parte do Palácio do Planalto.

Bolsonaro estará em Israel entre os dias 31 de março e 2 de abril.

Durante a campanha, e depois de ser eleito, quando recebeu no Rio de Janeiro o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, Bolsonaro afirmou que a transferência da embaixada não era uma questão de se, mas de quando.

Desde então, no entanto, a promessa virou uma possibilidade e, se depender da área militar do governo, cada vez mais remota. A duas semanas da viagem, o assunto, segundo uma fonte, ainda não chegou ao Itamaraty e ainda se mantém em debate no Planalto.

"Alguma coisa deve ser dita", disse uma das fontes. Uma decisão formal, no entanto, possivelmente não será anunciada na viagem, como esperavam os israelenses.

O governo brasileiro chegou a pensar em adiar a viagem a Israel para depois das eleições gerais no país, em uma forma de diminuir a pressão de Netanyahu sobre o tema. Candidato a se manter no cargo, o primeiro-ministro gostaria de ter o trunfo de anunciar mais uma mudança de embaixada - hoje, apenas os Estados Unidos e a Guatemala anunciaram a transferência.

A viagem, no entanto, teria que ficar para junho, e Bolsonaro preferiu não esperar.

Dentro do governo há posições divergentes sobre a mudança da embaixada. Defendida pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelos filhos de Bolsonaro, a medida é vista com reservas pelos militares e pela equipe econômica, que teme o impacto sobre as exportações brasileiras para os países árabes, grandes importadores de carne de aves do Brasil.

Desde que Bolsonaro assumiu, o tema tem sido deixado em segundo plano. Em entrevista à Reuters, o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou que não havia decisão e o tema "ficaria um pouco para as calendas".

Acordos

O Itamaraty tenta fechar às pressas uma agenda recheada de acordos para serem assinados durante a viagem. De acordo com uma das fontes, que acompanha o assunto, o Brasil prepara um acordo-quadro na área de ciência, tecnologia e inovação, que permitirá ao país não apenas receber investimentos mas também alocar recursos para ações de desenvolvimento e compartilhamento de tecnologia.

Outros dois acordos estão sendo negociados, um na área de facilitação de investimentos na área de defesa e um terceiro para compartilhamento de tecnologia em segurança pública.

Durante a viagem, Bolsonaro deverá fazer acenos também a parte de sua base evangélica, que tem fortes ligações com Israel. Além da parte empresarial - o presidente deve levar uma comitiva de empresários, a visita deve incluir uma parte religiosa.

"É uma parte que tende a ser mais privada, mas deve incluir uma visita ao Santo Sepulcro e ao Jardim do Túmulo, que tem uma importância especial para os evangélicos", disse uma das fontes.

Está prevista, ainda, uma visita oficial ao Museu do Holocausto e a um cemitério judaico.