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Julgamento de impeachment de Trump começa com os dois lados em conflito pelas regras

Presidente dos EUA, Donald Trump, em Battle Creek, no Michigan - Por Patricia Zengerle e Richard Cowan
Presidente dos EUA, Donald Trump, em Battle Creek, no Michigan Imagem: Por Patricia Zengerle e Richard Cowan

Patricia Zengerle e Richard Cowan

Da agência Reuters, em Washington (EUA)

21/01/2020 16h32

Por Patricia Zengerle e Richard Cowan

WASHINGTON (Reuters) - O julgamento do processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou no Senado efetivamente nesta terça-feira, com ataques de seu principal defensor legal, que afirma que não há base para o processo, e um importante parlamentar democrata descrevendo evidências relevantes de irregularidades cometidas pelo republicano.    

    Trump, que teve o impeachment aprovado no mês passado pela Câmara dos Deputados, controlada pelos democratas, por acusações de abuso do poder e obstrução do Congresso, diz que não fez nada de errado e descreve seu impeachment como uma farsa partidária para impedir sua reeleição em 2020.

    Com câmeras de TV ao redor, o presidente da Suprema Corte dos EUA, John Roberts, deu início aos procedimentos e os dois lados começaram a brigar por conta das regras propostas pelo líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, para o julgamento.   

    O advogado da Casa Branca Pat Cipollone, que lidera a defesa de Trump, atacou as bases das acusações dos democratas contra o presidente republicano, dizendo que elas não chegam perto dos requisitos da Constituição dos Estados Unidos para o impeachment.

"A única conclusão será que o presidente não fez absolutamente nada de errado", disse Cipollone enquanto argumentava a favor da proposta de McConnell para decidir se serão permitidas testemunhas e documentos adicionais posteriormente no julgamento. 

    "Não há absolutamente um caso", disse.

Já o deputado democrata Adam Schiff, que ajudou a encabeçar o inquérito de impeachment, resumiu as acusações contra Trump e disse que o presidente republicano havia cometido uma combinação de irregularidades constitucionais que justificam o impeachment.

Schiff disse que embora as evidências contra Trump sejam "já esmagadoras", mais depoimentos de testemunhas eram necessários para mostrar o escopo total das irregularidades cometidas pelo presidente e por sua equipe.

Os democratas querem que autoridades e ex-funcionários do governo Trump, incluindo o ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, testemunhem no julgamento.

McConnell divulgou um plano na segunda-feira para um julgamento potencialmente rápido, sem novos depoimentos ou evidências. Isso daria aos promotores democratas da Câmara e aos advogados de Trump 48 horas, divididas igualmente, para apresentar seus argumentos ao longo de quatro dias.

    O plano foi agora mudado para dar a cada um dos lados três dias de argumentos de abertura divididos em dois períodos de 24 horas cada.

As regras também permitirão que o relatório da investigação da Câmara sobre o impeachment sirva como evidência no processo, como foi exigido pelos democratas.

Um porta-voz de McConnell disse que as mudanças foram feitas após um almoço a portas fechadas com senadores republicanos na terça-feira.

Com uma maioria de dois terços necessária no Senado de 100 membros para destituir Trump do cargo, é quase certo que ele seja absolvido pelos correligionários republicanos na Casa.

    Mas não está claro o impacto do julgamento em sua candidatura à reeleição.

De acordo com uma pesquisa de opinião da Reuters/Ipsos realizada de 13 a 14 de janeiro, 39% dos adultos norte-americanos aprovam o desempenho de Trump no cargo, enquanto 56% desaprovam. A sondagem também mostrou que 45% dos entrevistados disseram que Trump deveria ser destituído do cargo, enquanto 31% disseram que as acusações de impeachment deveriam ser rejeitadas.

(Reportagem de Will Dunham, Richard Cowan, Doina Chiacu, Patricia Zengerle, David Morgan, Jan Wolfe, Susan Cornwell, Susan Heavey, Karen Freifeld, Lisa Lambert e Tim Ahmann em Washington)