Por temor sobre coronavírus, empresa de cruzeiros proíbe cidadãos da China
PEQUIM/XANGAI (Reuters) - A morte de um médico chinês que foi repreendido por emitir um alerta sobre o coronavírus provocou críticas ao governo, enquanto uma importante linha de cruzeiros tomou a decisão de proibir cidadãos da China, independentemente de quando eles estiveram lá pela última vez.
A morte de Li Wenliang, de 34 anos, ocorreu num momento em que o presidente Xi Jinping garantiu aos Estados Unidos e à Organização Mundial da Saúde (OMS) transparência e máximo esforço para combater o vírus.
A liderança comunista de Pequim isolou cidades, cancelou voos e fechou fábricas para limitar uma epidemia que assola a segunda maior economia do mundo, com efeitos sentidos pelos mercados e negócios globais dependentes das linhas de suprimento chinesas.
A província de Hubei e sua capital Wuhan, epicentro do vírus, estão isoladas, e Pequim se assemelha a uma cidade fantasma.
Na província de Hubei, epicentro da epidemia, a comissão de saúde informou que houve 2.841 novos casos do vírus e outras 81 mortes, elevando o total de fatalidades relacionadas a vírus para 699. O total de casos na província chegou a 24.953.
Em Genebra, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre a escassez mundial de máscaras e outros equipamentos de proteção.
Os mercados globais de ações e de títulos de governos caíram na sexta-feira, com as crescentes preocupações sobre o impacto do vírus no crescimento global ofuscando um forte relatório de empregos nos Estados Unidos.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse nesta sexta que o Departamento de Estado "facilitou o transporte de quase 17,8 toneladas de suprimentos médicos doados ao povo chinês, incluindo máscaras, roupas hospitalares, gaze, respiradores e outros materiais vitais".
Morte de oftalmologista
O oftalmologista Li estava entre as oito pessoas repreendidas pela polícia na cidade de Wuhan, onde o vírus surgiu, por espalhar informações "ilegais e falsas".
Li foi obrigado a assinar uma carta em 3 de janeiro, dizendo que "havia perturbado gravemente a ordem social" e foi ameaçado com acusações.
Usuários de mídia social o chamaram de herói e compartilharam uma selfie dele deitado em uma cama de hospital usando um respirador e segurando seu cartão de identificação chinês. Uma imagem mostrava a mensagem "adeus Li Wenliang" gravada na neve na margem de um rio.
"Wuhan realmente deve desculpas a Li Wenliang", disse Hu Xilinx, editor do tabloide Global Times, apoiado pelo governo.
A Anistia Internacional considerou sua morte um "lembrete trágico" de como a preocupação da China com a estabilidade suprime informações vitais. O país foi acusada de tentar encobrir o surto de SARS de 2003, que matou quase 800 pessoas em todo o mundo.
Havia sinais de que a discussão sobre a morte de Li estava sendo censurada.
Depois de estar brevemente entre os principais tópicos no Weibo, "o governo de Wuhan deve um pedido de desculpas ao médico Li Wenliang" e "queremos liberdade de expressão" não produziam mais resultados de pesquisa.
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