Arrancada de Biden na Super Terça reformula corrida presidencial democrata
No intervalo de 24 horas, a corrida presidencial democrata dos Estados Unidos se tornou subitamente uma disputa de dois homens, entre o ex-vice-presidente Joe Biden, cuja campanha estava em crise uma semana atrás, e o senador Bernie Sanders.
Biden venceu em nove dos 14 estados onde os democratas realizaram primárias na chamada Super Terça, superando as expectativas. Ele não somente conquistou os estados do sul do país, onde se esperava que vencesse, mas também Massachusetts, Minnesota e Texas, onde não se previa que se saísse tão bem.
Biden também impressionou na Califórnia, já que no geral conseguiu centenas de delegados para a Convenção Nacional Democrata de julho, que decidirá o indicado presidencial do partido.
A série de vitórias sublinhou enfaticamente que a campanha de Biden, até recentemente dada como encerrada devido aos revezes nas primárias iniciais, está recuperando ímpeto rapidamente. O establishment democrata o está acolhendo por apostar que o pré-candidato mais moderado é mais elegível do que Sanders, um autodeclarado democrata socialista com propostas liberais ambiciosas.
Para Biden, trata-se de uma ascensão quase atordoante, que começou no sábado, quando ele obteve sua primeira disputa pela indicação na Carolina do Sul e uma leva de declarações de apoio importantes.
"Para aqueles que foram surrados, descartados, abandonados, esta é sua campanha", disse um Biden exultante aos apoiadores em Los Angeles, à medida que os resultados chegavam. "Poucos dias atrás, a imprensa e os especialistas declararam a campanha morta".
Mas o apelo de Sanders à ala mais liberal da sigla continua inegável. Sua vantagem na Califórnia foi tamanha que a vitória lhe foi atribuída por alguns veículos de comunicação assim que as urnas foram fechadas. Ele continua com uma vantagem impressionante entre os eleitores jovens.
"Esta noite, eu lhes digo com confiança absoluta que conquistaremos a indicação democrata", disse Sanders em um comício em seu estado natal, Vermont.
Agora Sanders e Biden provavelmente lutarão com unhas e dentes nas próximas semanas para determinar qual caminho ideológico o partido toma antes da eleição geral de 3 de novembro contra o presidente republicano, Donald Trump.
Sanders é um defensor aguerrido de um sistema de saúde estatal e de outras políticas que redistribuiriam a riqueza e atacariam a disparidade de renda. Biden adota uma plataforma democrata mais tradicional e alertou que a proposta de saúde de Sanders é financeiramente impraticável.
"Isto se tornará um contraste de ideias", disse Sanders.
Biden ainda alertou que as posições progressistas de Sanders o farão perder grandes fatias da nação para Trump caso seja o indicado — argumento fortalecido pelo sucesso de Biden na terça-feira em estados como a Carolina do Norte, conquistada por Trump em 2016, e Minnesota, um dos maiores alvos do presidente neste ano.
Biden tem uma oportunidade de ouro, agora que o calendário das primárias se volta para estados moderados do Meio-Oeste, como Michigan e Ohio, onde tanto ele quanto Sanders disputarão o voto da classe trabalhadora. A Geórgia, com sua grande população negra, pode conceder a Biden outra vitória de peso.
E ainda há a Flórida, que impressiona com seus 219 delegados e onde as pesquisas mostram uma liderança firme de Biden.
Para conquistar estes estados, Biden terá que formar o tipo de coalizão eleitoral que começou a compor na terça-feira.
Já forte com o eleitorado afro-americano, ele mostrou uma nova força na terça-feira com o tipo de eleitor suburbano e afluente que vinha se aproximando da concorrente Elizabeth Warren e dos ex-oponentes Pete Buttigieg e Amy Klobuchar.
Biden se saiu muito melhor do que Sanders entre as mulheres. Na Carolina do Norte, por exemplo, ele recebeu o dobro do apoio das mulheres do que Sanders, de acordo com pesquisas de boca de urna da Edison Research. Em Massachusetts, terra natal de Warren, Biden quase empatou com a senadora entre o eleitorado feminino.
Entre os democratas que votaram na terça-feira, Biden recebeu a maioria dos votos de correligionários que disseram que um candidato capaz de derrotar Trump é mais importante do que um candidato que concorda com eles — um argumento a favor da elegibilidade que Biden defende em campanha
Ele também foi o favorito dos eleitores que querem a volta das políticas de seu antigo chefe, o ex-presidente Barack Obama. Aqueles que preferem uma mudança mais dramática se alinham a Sanders, mostraram pesquisas de boca de urna.
Biden tem motivos para se preocupar com a popularidade de Sanders com os latinos, o segmento que cresce mais rapidamente dentro do Partido Democrata. Estes eleitores ajudaram Sanders a liderar na Califórnia, o prêmio principal do mapa eleitoral com seus 416 delegados, e a mantê-lo competitivo no Texas.
Em Los Angeles, Biden disse que as previsões de que a Super Terça encerraria sua campanha se mostraram erradas.
"Estou aqui para relatar: estamos vivíssimos".
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