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Bolsonaro diz que grupos antifascistas são "marginais" e "terroristas"

Bolsonaro repetiu a retórica do presidente norte-americano, Donald Trump - EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro repetiu a retórica do presidente norte-americano, Donald Trump Imagem: EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Lisandra Paraguassu

03/06/2020 13h00

O presidente Jair Bolsonaro classificou de "marginais" e "terroristas", os grupos antifascismo que têm organizado manifestações pela democracia e contrárias a seu governo, acrescentando que a polícia precisa de "retaguarda legal" para agir com o crescimento "desse tipo de movimento".

Bolsonaro falou em frente ao Palácio da Alvorada a alguns jornalistas na noite de ontem e apoiadores que o esperavam e foi perguntado sobre o que achava das manifestações nos Estados Unidos.

"Começou aqui com os Antifas em campo, com motivo no meu entender político, diferente (dos EUA). São marginais, no meu entender, terroristas, e tem ameaçado agora domingo fazer movimentos pelo Brasil, em especial aqui no Distrito Federal", disse.

Bolsonaro repete a retórica do presidente norte-americano, Donald Trump, que foi às redes sociais acusar o Antifa —movimento antifascista que não tem nem organização, nem líderes claros, mas milhares de apoiadores e voluntários pelo mundo— de estar por trás dos protestos contra o racismo nos Estados Unidos. Em sua conta no Twitter, retuitada por Bolsonaro, Trump disse que iria classificar o Antifas como movimento terrorista.

Em sua fala, Bolsonaro acusa o grupo de estar por trás dos protestos pró-democracia feitos por torcidas organizadas em São Paulo, no último domingo. O movimento na verdade partiu de torcidas organizadas de times de futebol da capital paulista.

Com um grupo pró-Bolsonaro também com um protesto marcado para o mesmo dia e local, a manifestação terminou em confusão e confronto com policiais militares.

Já na segunda-feira, o presidente havia dito a apoiadores que não fossem às ruas no próximo domingo. Grupos contrários ao governo têm prometido novas manifestações.

"Eu já disse que não domino, não tenho influência e nunca convoquei ninguém para ir às ruas. Eu agradeço de coração essas pessoas que estão na rua apoiando nosso governo, agora precisamos de uma retaguarda jurídica para que nosso policial possa bem trabalhar em se apresentando um crescente esse tipo de movimento que não tem nada a ver com democracia", disse.

Novos protestos contra o governo estão sendo organizados para este final de semana em São Paulo e outras capitais.

Bolsonaro classificou as manifestações contra seu governo de "terrorismo", e usou os protestos que aconteceram no Chile, no início deste ano, como exemplo do que não quer que aconteça.

"Isso não pode chegar aqui, não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile, não podemos admitir isso daí. Isso não é democracia nem liberdade de expressão. Isso no meu entender é terrorismo. A gente espera é que esse movimento não cresça, porque o que a gente menos quer é entrar em confronto com quem quer que seja", disse.

Sobre os movimentos nos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que "lá o racismo é um pouco diferente do Brasil, está mais na pele"

"Então, houve um negro lá que perdeu a vida. Vendo a cena, a gente lamenta. Como é que pode aquilo ter acontecido? Agora, o povo americano tem que entender que, quando se erra, se paga", disse, acrescentando que não quer que aconteça o mesmo tipo de protestos no Brasil.

"Logicamente que qualquer abuso você tem que investigar e, se for o caso, punir. Agora, este tipo de movimento, nós não concordamos."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.