'Isso é um crime', diz Drauzio sobre aglomerações provocadas por Bolsonaro
O médico oncologista Drauzio Varella classificou como "crime" hoje a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de provocar aglomerações e se recusar a usar máscara no dia seguinte ao país estabelecer um novo recorde de mortes diárias provocadas pela covid-19. Bolsonaro vem durante toda a semana participando de eventos com aglomerações e chegou a afirmar que as máscaras têm "efeitos colaterais".
"Morrem 1.500 pessoas ontem, hoje o presidente da República sai sem máscara e provoca aglomeração", afirmou Drauzio em entrevista à GloboNews, lembrando as 1.582 mortes registradas ontem, que ultrapassaram a maior marca do Brasil na pandemia até então, de 29 de julho do ano passado.
"Como a gente classifica um comportamento desse? Você vai dizer: 'é um mau comportamento'. Não, mau comportamento é outra coisa, todos nós temos maus comportamentos às vezes. Isso é um crime, eu não consigo encontrar outra palavra para definir esse tipo de atitude."
Drauzio Varella, médico oncologista
O médico afirmou que não considera Bolsonaro "o único culpado" pelo fato de o Brasil viver atualmente o pior momento da pandemia, mas que o presidente é o "grande responsável" por se colocar desde o início "a favor da epidemia", se recusando a usar máscara e causando aglomerações. Para Drauzio, governantes que têm esse tipo de atitude são "demagogos" e fazem isso por interesse político.
"Qual o interesse desses demagogos todos? Eles pensam assim: está todo mundo cansado de ficar em casa, eu vou dizer que pode sair, que para com essa besteira de epidemia, não é assim também, não pega assim desse jeito, o vírus não é uma doença grave, se você pegar e tomar cloroquina tudo bem, você vai ficar bem, não vai acontecer nada com você. Percebe? Estão enganando a população, são demagogos, eles fazem isso porque acham que vão colher dividendos políticos para eles", disse.
Sobre o atual momento, em que vários estados e cidades estão decretando medidas mais restritivas após registrarem colapso ou a ameaça de colapso em seus sistemas de saúde, Drauzio se mantém pessimista e vê a possibilidade de as próximas semanas serem ainda piores.
"Nada nos salva nesse momento", afirmou. "Você conversa com os epidemiologistas, com as pessoas que estudam esse problema, a disseminação do vírus, eles são muito pessimistas, eles acham que as duas, três semanas que virão serão terríveis para o Brasil", completou.
Bolsonaro e as aglomerações
Nesta semana, o presidente da República cumpriu compromissos fora de Brasília e as cenas de aglomerações foram recorrentes, com Bolsonaro sempre sem máscara. Anteontem, no dia em que o Brasil ultrapassou 250 mil mortes pela covid-19, o presidente esteve entre dezenas de pessoas em visita a Sena Madureira (AC) e depois ficou novamente entre vários parlamentares durante cerimônia de posse de novos ministros no Palácio do Planalto.
Hoje, um dia após questionar a eficácia do uso de máscaras, que é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) desde junho do ano passado, Bolsonaro foi até o Ceará e causou aglomeração pouco antes de retornar à Brasília, quando estava em Fortaleza.
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