Topo

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro pressiona STF e fala em 'medidas duras' se ação contra governadores não prosperar

Bolsonaro apresentou na quinta uma ação direta de inconstitucionalidade contra decretos estaduais que impedem a circulação  - Pedro Ladeira/Folhapress
Bolsonaro apresentou na quinta uma ação direta de inconstitucionalidade contra decretos estaduais que impedem a circulação Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

19/03/2021 13h06Atualizada em 19/03/2021 13h24

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que o governo federal poderá tomar "medidas duras" se a ação que apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra as políticas de restrição de circulação de pessoas tomadas por governadores não prosperar, e incentivou as pessoas a saírem de casa apesar da pandemia de coronavírus.

Em uma conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse esperar que a ação direta de inconstitucionalidade que enviou na véspera ao STF "dê certo" e que é preciso defender o direito de ir e vir, ou o país vai "sucumbir".

Se dizendo preocupado com a fome, o presidente afirmou que o Brasil vai viver o caos e terá problemas gravíssimos.

"Onde é que nós vamos parar? Será que o governo federal vai ter que tomar uma decisão antes que isso aconteça? Será que a população está preparada para uma ação do governo federal dura no tocante a isso? Que é dura? É para dar liberdade para o povo. É para dar o direito do povo trabalhar", disse Bolsonaro, sem esclarecer o que chama de "medida dura" e o que poderia fazer.

Apesar do tom, o presidente garantiu que não estaria falando de ditadura.

"Não é ditadura não. Uns hipócritas aí falando em ditadura o tempo todo, uns imbecis. Agora o terreno fértil para ditadura é exatamente a miséria, a fome, a pobreza, onde o homem com necessidade perde a razão. Estão esperando o quê? Vai chegar esse momento. Eu gostaria que não chegasse esse momento, mas vai acabar chegando", afirmou.

Bolsonaro apresentou na quinta-feira uma ação direta de inconstitucionalidade contra decretos estaduais que impedem a circulação da população à noite nos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal, e também quer que os Estados precisam aprovar leis para decretar medidas de contenção de circulação, o que na prática retardaria a aplicação das medidas voltadas a atacar a pandemia de Covid-19.

Na manhã desta sexta, o presidente disse que prepara mais ações no STF. Bolsonaro também finaliza um projeto de lei a ser enviado ao Congresso que transforma todas as atividades econômicas em essenciais, o que impediria governadores e prefeitos de proibir o funcionamento de quaisquer negócios.

Bolsonaro não disse o que fará se o STF negar seu pedido de liminar, mas acusou os governadores de "usurpar a Constituição", afirmou que as medidas de fechamento de negócios estão "matando as pessoas" e, mais uma vez, disse que em todos os países morrem pessoas por Covid.

Também insinuou novamente, sem provas, que recursos federais repassados a Estados e municípios para enfrentar a Covid teriam desaparecido.

O presidente disse ainda que os brasileiros precisam ter assegurado seu direito de ir e vir e que não deixará o "seu Exército" cumprir ordens de restrição.

"O meu Exército não vai para a rua cumprir decreto de governadores. Não vai. Se o povo começar a sair, entrar na desobediência civil, sair de casa, não adianta pedir o Exército que meu Exército não vai, nem por ordem do papa. Não vai", afirmou.

Tradutor: Bolsonaro fala em 'medidas duras' contra STF se ação contra governadores não prosperar