Com 80 mil mortos por covid-19, argentinos sofrem com vacinação lenta
Para a advogada Lidia Alverisi, a pandemia de covid-19 na Argentina foi trágica.
"Todos nós perdemos alguém, alguém que conhecíamos bem", disse ela à Reuters. "No meu caso, são amigos que conhecia há 40 anos e que partiram em apenas 10 dias."
O país sul-americano está mergulhado em uma segunda onda do vírus que começou em meados de fevereiro e está deixando hospitais perto do colapso e cidadãos em desespero.
No final desta sexta-feira, a Argentina confirmou 80.411 mortes entre seus 45 milhões de cidadãos, com um total de 3,9 milhões de casos da doença. Atualmente, está em terceiro lugar em média de casos diários no mundo, com mais casos per capita do que o Brasil.
O governo tem tido dificuldades para encontrar um equilíbrio entre medidas restritivas e manter a economia já em crise, e também com a campanha de vacinação que demorou para começar, e os médicos dizem que não conseguirá reduzir as taxas de infecção por alguns meses.
"Acho que as mortes poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse se concentrado mais nas vacinas e se as pessoas tivessem respeitado mais os lockdowns", disse a estudante Martina Dawin, de 17 anos.
Outros, entretanto, acreditam que a prioridade do governo deveria ter sido proteger as pessoas de mais dificuldades econômicas após três anos consecutivos de recessão.
Diego Peralta disse que votou no presidente de esquerda Alberto Fernández, mas perdeu a confiança por causa do lockdown prolongado. "Me sinto mal pelos meus concidadãos que estão passando por um momento difícil, mas a covid-19 é secundária quando não há comida para dar ao seu filho", afirmou.
A Argentina está vacinando sua população contra a covid-19 com a vacina russa Sputnik V, o imunizante da AstraZeneca desenvolvida com a Universidade de Oxford e a vacina chinesa da Sinopharm.
Desde que a campanha começou na véspera de Natal do ano passado, o país já aplicou 13,4 milhões de doses de vacina, embora apenas cerca de 3 milhões de pessoas tenham recebido as duas doses.
O médico especialista em doenças infecciosas Roberto Debbag disse que ainda há um caminho a percorrer. "Teremos números altos ou médios até que mais de 30 ou 40 por cento da população tenha sido vacinada com as duas doses", afirmou. "Não acho que isso vá acontecer no espaço dos próximos três meses."
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