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Campanha de Bolsonaro avalia como negativa fala do presidente sobre morte de petista, dizem fontes

O presidente Jair Bolsonaro usa uma jaqueta do Gigantes de Nazaré em sua chegada aos EUA - Alan Santos/PR
O presidente Jair Bolsonaro usa uma jaqueta do Gigantes de Nazaré em sua chegada aos EUA Imagem: Alan Santos/PR

Ricardo Brito

Da Reuters

11/07/2022 19h42Atualizada em 11/07/2022 20h09

A equipe da pré-campanha de Jair Bolsonaro (PL) considerou que a resposta do presidente no episódio da morte de um militante do PT por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) tem sido ruim até o momento e não agrega novos apoios, disseram duas fontes à Reuters nesta segunda-feira.

A avaliação é que Bolsonaro demorou a se manifestar sobre o crime — após outros pré-candidatos à Presidência —, minimizou o assassinato do petista por um de seus apoiadores, não se solidarizou com a vítima e que, apesar de ter defendido a apuração séria do caso, aproveitou o episódio para atacar opositores.

No sábado à noite, o policial penal federal Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário do guarda municipal Marcelo Arruda —que tinha como tema o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva— gritando "aqui é Bolsonaro", "mito", e disparou tiros em Arruda, que era militante do PT em Foz do Iguaçu (PR). O petista ainda conseguiu revidar também com tiros, atingindo Guaranho, que está internado em um hospital da cidade em consequência dos ferimentos. Ele teve a prisão preventiva decretada.

A primeira manifestação de Bolsonaro sobre o ataque só ocorreu na noite de domingo, ocasião em que repetiu uma publicação publicada em 2018, quando um petista foi morto em Salvador por outro de seus apoiadores. Nela, dizia não querer apoio de pessoas que cometem violência, ao mesmo tempo em que acusava a esquerda de ser responsável por atos violentos.

Nesta segunda, Bolsonaro falou duas vezes sobre o caso. Em conversa com apoiadores, classificou o episódio como "uma briga entre duas pessoas". Mais tarde, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, disse não ter qualquer relação com o incidente.

Segundo as fontes, houve pedido para o presidente se manifestar publicamente pelo episódio logo após o ocorrido. De acordo com uma delas, havia o receio que ele sequer se pronunciasse sobre o caso, mas a fonte admite que a resposta dada não foi a melhor.

A outra fonte disse que já foi um "grande avanço" ter soltado uma nota sobre o caso, mesmo havendo ataques ao PT. Essa fonte reconhece que o episódio ocorre no momento em que a campanha tenta diminuir a diferença em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto e busca adotar uma estratégia eleitoral mais pragmática.

A avaliação de ambas as fontes é que o governo vinha começando a reagir na corrida eleitoral e a colher boas notícias, como o avanço da PEC dos Benefícios, prevista para ser aprovada no plenário da Câmara na terça e promulgada ainda esta semana.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) —que vai turbinar o pagamento do Auxílio Brasil, vale-gás e criar uma espécie de voucher para caminhoneiros — é uma das principais apostas da campanha de Bolsonaro para melhorar seus índices de intenção de voto.

Para as fontes, reações de Bolsonaro como as desse episódio não ajudam a atrair apoio ou votos.

Segundo uma das fontes, o eleitor antipetista e que está indeciso mas admitiria votar em Bolsonaro, acaba colocando dois pés atrás após a resposta do presidente ao caso de Foz.

"Ele continua falando mais para a bolha bolsonarista do que para o eleitor de centro que precisa ser conquistado", disse.