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Afeganistão: Proibidas de estudar, mulheres são barradas em universidades

Estudantes afegãs andam perto da Universidade de Cabul, em Cabul, Afeganistão - ALI KHARA/Reuters
Estudantes afegãs andam perto da Universidade de Cabul, em Cabul, Afeganistão Imagem: ALI KHARA/Reuters

21/12/2022 13h36

Cabul - As estudantes universitárias do Afeganistão foram barradas de entrar nas faculdades do país, nesta quarta-feira, depois que o governo controlado pelo Taliban determinou que as mulheres estão impedidas de cursar o ensino superior.

A decisão foi anunciada na terça-feira em uma carta às universidades do Ministério de Educação Superior, levando à condenação de governos estrangeiros e da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Fomos para a universidade, o Taliban estava no portão e nos disse: 'vocês não estão autorizadas a entrar na universidade até nova ordem'... todas estavam chorando", disse Shaista, uma estudante de Negócios em uma universidade particular de Cabul.

Estudantes e testemunhas da Reuters disseram que a presença das forças de segurança fora das universidades era maior do que de costume, e que as estudantes foram instruídas a ir embora pelas forças do Taliban, mesmo que elas fossem realizar apenas tarefas administrativas.

A proibição sobre as estudantes provavelmente complicará os esforços da administração do Taliban para obter reconhecimento internacional e para se livrar de sanções que estão dificultando seriamente a economia do Afeganistão.

A missão da ONU no Afeganistão pediu ao governo administrado pelo Taliban que "imediatamente" revogasse a decisão.

Também exortou as autoridades a reabrir as escolas femininas depois da sexta série e a "acabar com todas as medidas que impedem as mulheres e meninas de participarem plenamente da vida pública diária".

Hasti, uma aluna de Estudos Políticos do terceiro ano, estava se preparando para seu exame final marcado para quarta-feira quando ouviu a notícia, e passou a noite chorando na frente de seus materiais de estudo.

"Fiz o melhor que pude para estudar, é muito difícil para mim, porque neste momento tenho que parar de estudar e minhas metas não são alcançáveis.... se a situação continuar assim para as mulheres, isso significa que mulheres e meninas estão sendo enterradas vivas", disse.

De acordo com o anúncio feito na terça-feira, a decisão foi tomada pelo gabinete da administração do Taliban.

Várias autoridades do Taliban, incluindo o vice-ministro das Relações Exteriores e porta-voz da administração, se pronunciaram a favor da educação feminina nos últimos meses.

O líder espiritual supremo do Taliban, sediado na cidade sulista de Kandahar, tem a última palavra sobre as principais decisões.

Fontes diplomáticas e oficiais do Taliban disseram à Reuters que a questão havia sido discutida pela liderança.

Os líderes do Taliban dizem que querem relações pacíficas com a comunidade internacional, mas que os estrangeiros não devem interferir nos assuntos internos do país.