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'Onde mais posso ir?': Migrantes enfrentam Natal congelante na fronteira entre EUA e México

23.dez.22 - Imigrantes em busca de asilo se reúnem em torno de uma fogueira para se aquecer durante um dia de ventos fortes e baixas temperaturas em um acampamento improvisado perto da fronteira entre os EUA e o México - DANIEL BECERRIL/REUTERS
23.dez.22 - Imigrantes em busca de asilo se reúnem em torno de uma fogueira para se aquecer durante um dia de ventos fortes e baixas temperaturas em um acampamento improvisado perto da fronteira entre os EUA e o México Imagem: DANIEL BECERRIL/REUTERS

Daniel Becerril e Daina Beth Solomon

24/12/2022 12h08Atualizada em 24/12/2022 13h47

Centenas de imigrantes se preparam para acampar em meio ao frio na fronteira norte do México durante o Natal, esperando pela rápida reversão das restrições norte-americanas à migração enquanto enfrentam uma forte tempestade de inverno que assola os Estados Unidos.

Após a Suprema Corte dos EUA decidir nesta semana que as restrições podem permanecer em vigor temporariamente, muitos migrantes estão enfrentando um fim de semana natalino que o serviço meteorológico do México chamou de "massa de ar do ártico".

"Eu vou ficar aqui, onde mais eu posso ir?", disse Walmix Juin, um imigrante haitiano de 32 anos que se prepara para o fim de semana em uma barraca frágil na cidade de Reynosa, do outro lado da fronteira de McAllen, Texas. "Nunca pensei que passaria um Natal assim."

As temperaturas nas cidades fronteiriças de Matamoros e Reynosa, onde milhares de pessoas estão acampadas ao ar livre ou em abrigos simples, devem ficar em torno de zero neste sábado e melhorar apenas ligeiramente no domingo.

Mais a oeste, em Ciudad Juárez, onde centenas de migrantes têm feito fila para pedir asilo na fronteira com El Paso, no Texas, as temperaturas devem cair para -6ºC. Muitos têm dormido nas ruas.

As autoridades têm fornecido mais espaço nos abrigos nos últimos dias, mas alguns migrantes estão receosos.

Usando um boné de beisebol e uma jaqueta com zíper fechado até o queixo, o venezuelano Antony Rodriguez, de 29 anos, tentava se aquecer em Matamoros se escondendo sob cobertores em uma tenda com cinco parentes, mostrou ele em um vídeo compartilhado com a Reuters.

Depois de uma árdua jornada pela América Central e México, Rodriguez disse que recusou a oferta de abrigo por temer que as autoridades os levem de ônibus de volta para o sul.

"Sentimos que eles vão nos mandar de volta", disse ele.

Outro venezuelano em Matamoros, Giovanny Castellanos, disse que estava acampado em uma barraca na fronteira, enrolado em cobertores, para se manter a par dos acontecimentos.

"Se você for para um abrigo, estará mais longe daqui, onde está a informação de verdade", disse o homem de 32 anos.

A legislação dos EUA permite que o país devolva migrantes para o México ou para certos países sem chance de pedido de asilo. A norma estava em vigor até 21 de dezembro antes da decisão da Suprema Corte. Sem clareza sobre quando a regra vai terminar, algumas autoridades se preocupam que suas cidades ficarão sobrecarregadas se mais migrantes surgirem.

"A política de imigração dos EUA tem um grande impacto aqui na fronteira", disse o prefeito de Reynosa, Carlos Ortiz, na sexta-feira.