OMS adverte sobre risco biológico no Sudão; calmaria nos combates permite mais fugas
Os combates no Sudão diminuíram durante a noite depois que o Exército e uma força paramilitar rival concordaram com uma trégua de três dias, permitindo que mais sudaneses fugissem nesta terça-feira e países estrangeiros retirassem cidadãos.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que há um "alto risco de perigo biológico" na capital Cartum depois que uma das partes em conflito apreendeu um laboratório nacional contendo patógenos de sarampo e cólera e expulsou os técnicos.
Falando a repórteres em Genebra via link de vídeo do Sudão, Nima Saeed Abid, da OMS, disse que técnicos foram expulsos do Laboratório Nacional de Saúde Pública, que também contém suprimentos de sangue, porque foi apreendido por uma das partes em conflito, que ele se recusou a nomear.
A guerra que eclodiu entre o Exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) em 15 de abril transformou áreas residenciais em zonas de guerra, matando pelo menos 459 pessoas, ferindo mais de 4.000 e cortando água, energia e alimentos em um país já dependente de ajuda.
Países estrangeiros retiraram funcionários de embaixadas de Cartum, a capital, após vários ataques a diplomatas, incluindo o assassinato de um adido egípcio baleado a caminho do trabalho. Alguns países também estão retirando seus cidadãos particulares.
Nesta terça-feira, o Reino Unido lançou uma retirada em larga escala de seus cidadãos em voos militares a partir de um aeródromo ao norte de Cartum. França e Alemanha disseram que retiraram cada um mais de 500 pessoas de várias nacionalidades e que um comando francês foi atingido por fogo cruzado durante a operação.
Famílias sudanesas também aproveitaram a calmaria para sair de suas casas depois de mais de uma semana de combates ferozes para procurar transporte para levá-los a um local seguro, temendo que o êxodo de estrangeiros deixe os locais em maior risco.
"Talvez o momento mais difícil seja pensar em deixar o país", disse Intisar Mohammed El Haj, moradora de Cartum, que contou que seus filhos se esconderam sob as camas com o som das explosões antes de a família fugir para o Egito.
Dezenas de milhares partiram nos últimos dias para os vizinhos Chade, Egito, Etiópia e Sudão do Sul, apesar da incerteza das condições.
A situação dos que permanecem no terceiro maior país da África, onde um terço dos 46 milhões de pessoas precisava de ajuda antes mesmo da violência, está se deteriorando rapidamente. Alguns expressaram consternação com a partida de algumas agências de ajuda internacional e diplomatas.
O escritório humanitário das Nações Unidas disse na terça-feira que reduziu as atividades devido aos combates.
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