Andreza Matais

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Reportagem

'Diretor do leilão do arroz' é demitido após entrevista de ministro ao UOL

O leilão do arroz importado fez mais uma vítima. Como antecipou a coluna, o diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) responsável pelo certame, Thiago José dos Santos, foi exonerado hoje (25) pelo conselho de administração da companhia.

O padrinho dele, o ex-deputado federal Neri Geller (PP), também foi demitido há duas semanas após a descoberta de que pessoas envolvidas no processo eram ligadas a ele. Geller ocupava a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.

A decisão ocorreu após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmar em entrevista à coluna que não entendia o porquê de Santos seguir no cargo. O ministro reconheceu que o diretor foi indicado pela pasta da Agricultura, mas afirmou que já havia autorizado a dispensa dele para o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), a quem a Conab é subordinada.

Assim que a entrevista foi publicada, Teixeira disse à coluna que faria a exoneração. Segundo o ministro, a definição do novo nome sai amanhã (26).

O "leilão da falcatrua", como foi apelidado pela bancada ruralista após o presidente Lula (PT) admitir publicamente que o certame foi cancelado por suspeita de ilegalidades, deve ser refeito pelo governo. O ministro Carlos Fávaro disse à coluna, contudo, que se surgir uma alternativa para evitar alta de preço e desabastecimento devido à tragédia provocada por enchentes no Rio Grande do Sul, o governo está "aberto a dialogar".

A compra de arroz importado, ao custo de R$ 1 bilhão, tornou-se uma dor de cabeça para o governo, que esperava capitalizar a iniciativa como mais uma ação voltada para atenuar os efeitos das enchentes no RS. A oposição apontou uso político da medida —o leilão previa que o arroz deveria ser comercializado com o logotipo do governo— e ameaça com uma CPI para investigar os atos da Conab.

Responsável por regular os preços dos alimentos no país, com a compra de estoques, a Conab foi loteada entre as pastas da Agricultura e Desenvolvimento Agrário. O PT ficou com a presidência (João Edegar Pretto) e com a diretoria de Política Agrícola (Silvio Porto). Já o PP ficou com a diretoria de Operações e Abastecimento, considerada o coração da empresa por operar os leilões de compra de alimentos.

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