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Capital do Sudão tem bombardeios e saques em conflito de facções militares

Khalid Abdelaziz em Dubai e Adam Makary no Cairo

05/06/2023 09h36

DUBAI (Reuters) - Bombardeios atingiram áreas ocidentais da capital do Sudão na manhã desta segunda-feira, depois que facções militares rivais lutaram durante a noite, disseram moradores, com relatos de aprofundamento da ilegalidade em Cartum e na região de Darfur.

Os combates entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), que lutam entre si há mais de sete semanas, intensificaram-se após o término no sábado de um acordo de cessar-fogo mediado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos.

O conflito desalojou mais de 1,2 milhão de pessoas no Sudão e levou cerca de 400.000 a fugir para os países vizinhos, causando grandes danos à capital, onde os moradores remanescentes estão à mercê de batalhas, ataques aéreos e ilegalidade.

Na noite de domingo, moradores relataram intensos combates nas três cidades que compõem a região ampliada da capital do país - Cartum, Omdurman e Bahri - e fumaça podia ser vista subindo de várias áreas na manhã desta segunda-feira.

"O bairro onde moramos no centro de Omdurman é saqueado publicamente todos os dias sem que ninguém intervenha para impedir, com confrontos e bombardeios continuando ao nosso redor", disse o morador de 37 anos Mohamed Saleh.

No distrito leste de Cartum, as tropas da RSF que se espalharam pelos bairros da capital estavam no controle total e saqueavam extensivamente, afirmou Waleed Adam, morador do local.

"Você os vê bem à sua frente, pegando carros, dinheiro, ouro - tudo o que eles conseguem colocar em suas mãos", disse ele à Reuters por telefone. "Eu acho que é apenas uma questão de tempo até que eles venham para a minha rua."

A RSF diz que tem trabalhado para proteger os civis prendendo saqueadores.

A guerra também provocou distúrbios em Darfur, no extremo oeste do Sudão, uma região que já sofria deslocamentos em massa devido a conflitos anteriores e onde moradores de várias cidades relataram ataques de milícias ligadas a tribos nômades árabes.

Nos últimos dias, pelo menos 40 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em Kutum, no estado de Darfur do Norte, segundo ativistas que monitoram a região. Os moradores também relataram saques generalizados e insegurança na área.

Longos apagões de comunicação têm ocorrido em partes de Darfur, onde os grupos de ajuda consideram especialmente complicado levar novos suprimentos humanitários.