Lula volta a criticar Campos Neto e garante que país crescerá mesmo com juros altos
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmando que o chefe da autoridade monetária não entende de Brasil e "de povo", ao mesmo tempo em que garantiu que a economia brasileira crescerá mesmo com um nível de juros elevado.
Em café da manhã com correspondentes estrangeiros no Palácio do Planalto, Lula disse que a manutenção do patamar atual da taxa Selic em 13,75% não tem justificativa. A declaração foi feita horas antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciar, após o fechamento dos mercados financeiros nesta quarta, sua decisão sobre o patamar da taxa Selic.
"O Brasil tem hoje a maior taxa de juros real do mundo... Acontece que esse rapaz que está no Banco Central, me parece que ele não entende de Brasil e não entende de povo. Não sei a quem ele está servindo. Aos interesses do Brasil que não é. A lógica pela qual foi aprovada a autonomia do Banco Central também não é", disparou Lula.
"Nós vamos continuar crescendo mesmo assim. Essa vai ser a boa surpresa... Por isso eu estou tranquilo", assegurou.
A maioria dos economistas consultados pela Reuters em uma pesquisa espera o anúncio de uma redução de 0,25 ponto percentual na Selic nesta quarta, mas operadores se mostravam mais divididos, com a curva a termo de juros embutindo probabilidade de 52% de que o BC cortará a Selic em 0,50 ponto.
Na entrevista aos correspondentes, Lula também repetiu que no dia 11, sexta-feira da próxima semana, anunciará a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que disse que incluirá novos investimentos da Petrobras.
O presidente afirmou ainda que a estatal petrolífera será responsável pela política de transição energética do país.
"Vamos retomar todas as políticas de desenvolvimento da Petrobras", garantiu o presidente.
"A Petrobras vai voltar a ser uma grande empresa não apenas de petróleo, mas uma empresa de energia, com a preocupação não apenas de furar poços, mas em produzir tudo que fizer dentro da transição energética necessário para que a gente mude para uma economia verde. Vai ser um grande programa de desenvolvimento."
(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)
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