Stellantis vai investir R$30 bi no Brasil até 2030 e prevê mais de 40 veículos

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - A Stellantis, que detém marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen, anunciou nesta quarta-feira um ciclo de investimentos de 30 bilhões de reais no Brasil entre 2025 e 2030, período em que pretende lançar mais de 40 veículos no país, incluindo híbridos e elétricos.

Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, executivos da companhia afirmaram em entrevista à imprensa que o anúncio representa o maior plano de investimentos da história da indústria automotiva no Brasil e da América do Sul.

“Os 30 bilhões de reais serão todos no Brasil, serão investidos para renovar os nossos carros existentes, fazer novos lançamentos, introduzir a tecnologia 'bio-hybrid' e investir em novos negócios”, disse o presidente da Stellantis na América do Sul, Emanuele Cappellano, se referindo à tecnologia de motores híbridos flex do grupo.

O grupo automotivo também afirmou que vai "implementar quatro plataformas globais, associadas às tecnologias Bio-Hybrid...além de oito novos powertrains e aplicações em eletrificação. Segundo a empresa, a produção da tecnologia de motorização híbrida vai se dar gradualmente e incluirá modelos plug-in, que podem ser conectados em postos de recarga, e "é compatível com todas as linhas de produção da empresa na região".

A Stellantis afirmou ainda que vai produzir no Brasil um veículo elétrico a bateria "no futuro", mas não deu prazo.

O volume de recursos anunciado pela Stellantis representa um terço dos cerca de 100 bilhões de reais que a associação nacional de montadoras, Anfavea, estimou em fevereiro que será investido no setor no Brasil até 2029, incluindo a indústria autopeças.

O anúncio foi feito um dia depois que a Toyota divulgou que vai investir 11 bilhões de reais no Brasil até 2030.

Além de Stellantis e Toyota, outras montadoras recentemente divulgaram grandes programas de investimento no país, incluindo Volkswagen (16 bilhões de reais até 2028), General Motors (7 bilhões até 2028) e Hyundai (1,1 bilhão de dólares até 2032).

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Segundo o governo federal, montadoras, incluindo as recém-chegadas da China BYD e GWM, já anunciaram um total de 65,3 bilhões de reais em investimentos no país para os próximos anos.

De acordo com o presidente-executivo global da Stellantis, Carlos Tavares, o foco da companhia será dar um passo adiante aos veículos flex e aos movidos a etanol, adicionando a eles a tecnologia de eletrificação.

O próximo lançamento da companhia está previsto para o segundo semestre e será um veículo híbrido, informou o executivo.

Segundo Tavares, o plano de investimentos será coordenado com o programa Mover, do governo federal, que prevê incentivos à produção de veículos que emitem menos poluentes.

"É um programa pragmático e inteligente”, disse. “Esse alinhamento de interesse entre o governo brasileiro e nossa empresa é fundamental.”

Tavares afirmou que as três fábricas da companhia Brasil atualmente não estão saturadas. O executivo ponderou que se houver mais oportunidades no mercado, não faltarão recursos para investir mais em capacidade industrial, embora não seja um movimento necessário neste momento.

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Perguntando sobre previsões para produção de carros 100% elétricos na região, em meio ao plano da companhia de que esses veículos representem 20% das vendas em 2030, Tavares disse que a tecnologia ainda custa até 40% mais do que os motores a combustão e que a classe média não aceitaria pagar valores mais altos, ao mesmo tempo em que a empresa não poderia assumir prejuízos para forçar uma redução de preço.

O presidente-executivo global da Stellantis afirmou que uma evolução da produção poderá levar a essa queda de custo em dois ou três anos, ponderando que isso também dependerá de uma produção em escala, algo que tem ficado mais difícil com o atual cenário de fragmentação global.

Em fevereiro, a Stellantis divulgou queda de 10% no lucro operacional do segundo semestre de 2023, quando greves causaram longas paralisações em suas operações na América do Norte, sua principal geradora de lucro.

Na América do Sul, porém, onde o Brasil é o principal mercado, o lucro operacional ajustado no ano passado subiu 16%, para 2,4 bilhões de euros. A região, junto com as áreas de Oriente Médio, África, China e Ásia-Pacífico, é chamada pela Stellantis como seu "terceiro motor" de crescimento.

O anúncio do investimento ocorre algumas semanas depois que a Stellantis acertou acordo para comprar a rede de serviços automotivos do Brasil, a DPaschoal, que junto com a argentina Norauto, tornaram a empresa o maior distribuidor de peças automotivas na América do Sul.

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