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Rússia pode ter subnotificação de mortes por coronavírus em Moscou

12.mai.2020 - Jovens andando nas ruas de Moscou, na Rússia, durante pandemia - Valery Sharifulin / TASS
12.mai.2020 - Jovens andando nas ruas de Moscou, na Rússia, durante pandemia Imagem: Valery Sharifulin / TASS

13/05/2020 08h32

A Rússia mantém hoje a posição de segundo país com o maior número de casos confirmados de coronavírus no mundo, depois dos Estados Unidos. Com um saldo adicional de 96 mortes e 10.028 novas infecções em 24 horas, o país europeu registra 242.271 contaminações e 2.212 óbitos desde o início da pandemia.

Desde ontem, a Rússia se tornou o segundo país do mundo em número de pessoas infectadas pelo novo vírus. No entanto, a taxa de mortalidade pela covid-19 permanece baixa em comparação com outros países. As autoridades russas atribuem o grande número de casos ao elevado número de testes realizados desde o fim de abril - 6 milhões de exames. A recente aceleração dos testes teria provocado a alta no número oficial de infectados.

O governo russo garante que o diagnóstico em massa tem permitido isolar rapidamente os casos positivos, inclusive de pessoas assintomáticas, e de proteger os mais vulneráveis. As autoridades dizem estar satisfeitas com essa estratégia, que resulta em uma taxa de mortalidade baixa, inferior a 1%.

Mas os dados divulgados pelo comitê de crise criado pelo governo para monitorar a epidemia são interpretados com reservas. Segundo o jornal Novaya Gazeta, as autoridades russas subestimam o número de vítimas da covid-19. Em Moscou, por exemplo, o número de mortes causadas pela nova pneumonia viral poderia ser três vezes superior ao do levantamento oficial. Para justificar essa suspeita, o jornal se baseia no número total de óbitos registrados em abril na capital russa, bem superior ao de anos precedentes no mesmo período.

A vice-primeira-ministra da Saúde, Tatiana Golikova, nega uma manipulação das estatísticas. "A taxa de mortalidade relacionada ao coronavírus é sete vezes menor na Rússia do que no resto do mundo e esta informação é exata", afirma Golikova.

Ontem, várias regiões russas menos afetadas pela epidemia do que a capital autorizaram certas empresas a reabrir. Indústrias e canteiros de obras voltaram ao trabalho, inclusive em Moscou, onde a maioria dos locais públicos permanecem fechados, incluindo restaurantes, enquanto os encontros em grupo também continuam proibidos. A quarentena segue em vigor na capital, embora nem sempre seja estritamente respeitada. O uso de máscaras e luvas de proteção tornou-se obrigatório nos transportes públicos e supermercados.

O porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov, anunciou também nesta terça-feira que estava com a covid-19, assim como o primeiro-ministro Mikhail Michoustin, dois ministros e vários deputados.

Suspensão do uso de respiradores

O modelo de respirador que pode estar na origem de dois incêndios ocorridos em hospitais russos que atendem pacientes da covid-19 foi suspenso de uso hoje pelo órgão de vigilância sanitária Roszdravnadzor. Ontem, cinco pacientes que estavam em terapia intensiva ligados a esse equipamento morreram após a deflagração de um incêndio em um hospital de São Petersburgo.

O modelo Aventa-M está sendo fabricado na Rússia desde 1º de abril e foi enviado aos Estados Unidos.

Com informações de Daniel Vallot, correspondente em Moscou, e agências