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Novos estudos questionam eficácia da hidroxicloroquina contra coronavírus

John Phillips/Getty Images
Imagem: John Phillips/Getty Images

15/05/2020 07h06

A hidroxicloroquina, medicamento considerado uma grande esperança contra a covid-19, pode ser pouco eficaz para combater a doença, de acordo com dois novos estudos publicados hoje.

A primeira pesquisa, realizada por um grupo de cientistas de hospitais parisienses, concluiu que a molécula não reduz os riscos de morte e de casos graves, que necessitam de respiração artificial, em doentes hospitalizados com pneumonia causada pelo coronavírus.

O estudo foi realizado com 181 pacientes adultos, que precisaram de oxigênio. Entre eles, 84 foram tratados com a hidroxicloroquina menos de dois dias depois da hospitalização. Os outros 97 pacientes foram acompanhados, seguindo protocolos clássicos.

O uso do medicamento não alterou a evolução da doença: 76% dos tratados com a hidroxicloroquina foram hospitalizados na UTI 21 dias depois da infecção, contra 75% do outro grupo. A mortalidade nos dois grupos foi respectivamente de 89% e 91%.

"A hidroxicloroquina recebeu uma atenção mundial como tratamento potencial contra a covid-19, depois de resultados positivos de alguns estudos. Entretanto, os efeitos da molécula em pacientes hospitalizados que necessitavam de oxigênio ainda não haviam sido observados", concluem os pesquisadores de vários hospitais parisienses.

De acordo com o segundo estudo, realizado por uma equipe de cientistas chineses, a hidroxicloroquina não elimina o vírus mais rapidamente que outros tratamentos utilizados para tratar versões leves ou moderadas da covid-19.

Efeitos colaterais podem ser graves

Além disso, os efeitos colaterais são mais graves. "Em resumo, esses resultados não recomendam o uso da hidroxicloroquina como um tratamento de rotina para os pacientes contaminados pelo coronavírus", escreveu em um comunicado a revista britânica BMJ.

Utilizada para tratar doenças autoimunes, como o lúpus e a artrite reumatoide, a hidroxicloroquina tem vários defensores. Entre eles, o polêmico professor francês Didier Raoult, recomenda sua administração em pacientes no início da doença, associado a um antibiótico, a azitromicina. Nas últimas semanas, entretanto, vários estudos questionaram a eficácia da molécula e seus efeitos colaterais, especialmente cardíacos.