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Navalny, opositor que teria sido envenenado pela Rússia, sai do coma induzido

O líder da oposição na Rússia, Alexei Navalny, que está internado em um hospital em Berlim - Reuters
O líder da oposição na Rússia, Alexei Navalny, que está internado em um hospital em Berlim Imagem: Reuters

07/09/2020 11h33

O líder opositor russo Alexei Navalny, envenenado na Rússia de acordo com a Alemanha, saiu do coma induzido e vai deixar de usar o respirador artificial "por etapas", anunciou hoje o Hospital de la Charité, em Berlim.

Segundo o comunicado divulgado pelo hospital, onde Navalny, 44 anos, é tratado desde 22 agosto, ele "reage quando falam com ele". O líder opositor foi envenenado por um agente neurotóxico do tipo Novichok, de acordo com os médicos alemães - uma substância desenvolvida na época soviética para fins militares.

O Kremlin denunciou nesta segunda-feira as acusações. "Todas as tentativas de associar a Rússia de alguma maneira com o que aconteceu são inaceitáveis para nós e totalmente absurdas", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O governo alemão e outros países ocidentais acusam as autoridades russas e pedem explicações. O conflito ficou ainda mais tenso no domingo, quando a Alemanha apresentou à Rússia um ultimato de alguns dias para "explicar o ocorrido". Moscou critica Berlim por "adiar o processo de investigação" ao não transmitir os documentos do caso às autoridades russas.

De acordo com Peskov, Moscou ainda não recebeu os elementos, mas espera que Berlim providencie todas as informações necessárias à Rússia nos próximos dias. "Estamos esperando com impaciência", completou.

Nord Stream 2 ameaçado

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou hoje que não descarta medidas contra o projeto do gasoduto Nord Stream 2 se Moscou não apresentar as respostas esperadas sobre o envenenamento de Alexei Navalny.

"A chanceler considera que seria um erro descartar a possibilidade", respondeu o porta-voz da chefe de governo, Steffen Seibert, ao ser questionado se Merkel tentaria evitar que o projeto de gasoduto fosse afetado em caso de sanções contra a Rússia.

No domingo, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, também disse que "seria um erro excluir a priori" consequências para o Nord Stream 2, que deve fornecer gás russo para Alemanha e Europa. Mas deu a Moscou um prazo de alguns dias para "ajudar a explicar" o que aconteceu com Navalny.

"Caso contrário, teremos que discutir uma resposta com nossos sócios europeus", advertiu Maas. A Alemanha preside atualmente o Conselho da União Europeia. Ele disse que em caso de sanções, estas devem ser "seletivas" e mencionou em particular o possível bloqueio do Nord Stream 2.

(Com informações da AFP)